MEREDITH, BELEZA, INVEJA E MALDADE.........FINAL
Com toda a cerimonia do velório finalizada Meredith agora
se voltou para seu plano, executar o ritual para concluir seu desejo de tomar
Artur de Flora, mais uma vez ela esperou que todos fossem dormir, dias antes
ela tinha investigado com o pai e com o vaqueiro da casa se havia alguma vaca
ou ovelha próxima de dar a luz e por sorte naquele mesmo dia a tarde uma ovelha
tinha tido um cordeirinho que faria parte de seu ritual.
A beira do rio ao norte da propriedade ela preparava
todo ritual conforme o livro aberto ao seu lado pedia o sacrifício do cordeiro
já tinha sido feito, o sangue pintando o símbolo de Asmodeus, as velas sobre as
letras ao entorno, ela já estava ao centro da figura ao chão com um pequeno
balde cheio do restante do sangue do animal sacrificado, suas pernas tremeram e
seu coração acelerou, por segundos ela pensou em desistir, mas já era tarde.
—Asmodeus, asmodeus, asmodeus, venha me encontrar,
estou a sua espera! – disse Meredith com força e personalidade entendendo que
agora não teria mais volta.
Por alguns segundos nada aconteceu, ela pensou até
que tinha feito algo errado, ela saiu do circulo e apanhou o livro para
conferir se tinha mais alguma tarefa a ser feita:
—O que eu fiz de errado? Está tudo certo! Não
esqueci nada! – dizia ela concentrada nas páginas do antigo grimório, sua
frustração era visível, logo pensou que Elvira tinha pregado uma peça nela.
—Aquela charlatã maldita me enganou! – disse a
garota com ódio – Vou fazê-la engolir esse maldito livro!
—Acalme-se minha criança! Eu estou ao seu lado desde
que você saiu da casa de Elvira!
No centro do símbolo, de pé vestido com um terno
preto muito bem cortado e gravata vermelha cor de sangue, usava uma barba curta
bem cortada e cabelos ligeiramente grisalhos, estes escondidos parcialmente
pelo chapéu bowler em sua cabeça, a elegância do homem ali presente deixou
Meredith extremamente impressionada, o tom de sua voz era macio e hipnotizante,
conversou com ela com um sorriso desconcertante no olhar.
—Porque você não me disse que estava ao meu lado? -
perguntou Meredith encabulada – Teria facilitado muito!
—Eu não me revelo para ninguém sem ser chamo
criança! - respondeu o homem – Mas você experimentou de minha influência e de
meus dons, principalmente durante o enterro.
—Então aquela sensação que eu sentia era influência
sua? Quase perdi a cabeça ali!
—Eu quis apenas aflorar seus instintos, tudo que
sentiu está dentro de você, eu só os mostrei!
—Entendi! Mas então o diabo se apresenta nessa
forma? – disse Meredith sorrindo, seduzida pela imagem a sua frente – Eu esperava
alguém bem diferente!
—Você não esperava que eu viesse aqui com três
cabeças como essas figuras maldosas do livro?! – disse Asmodeus sarcasticamente
– A imaginação dos seres humanos é muito interessante, nos pintam para assustar
criancinhas, ou mocinhas indefesas como você! - completou ele com uma
gargalhada – Mas vamos direto ao ponto Meredith! Diga-me exatamente o quer de
mim? Riqueza? Amor? Fama? Ou quer ser uma de minhas sementes pelo mundo?
—Quero o que é meu! Quero meu Artur! Quero aquela
mulher longe dele, ele deve ser meu!
—O quão longe dele você a quer? – perguntou Asmodeus
acariciando sua barba pensativo – Suas palavras podem ter varias formas de se
interpretar.
—Que diferença isso faz? – disse ela com impaciência
– Eu quero que Artur me ame e pronto! Custe o que custar, quero que ela morra!
Não aguento mais vê-los irradiando felicidade pela casa.
—Muito bem! Então vamos aos meus termos cara
Meredith: Eu não dou nada a ninguém, eu faço um contrato! E nesse contrato uma
clausula em questão tem destaque: O contrato deve ser executado rigorosamente
conforme o combinado! Portanto se tentar me enganar, ou dar uma de espertinha
eu te levo e te sirvo para meus demônios! – nesse momento os olhos de Asmodeus
ficaram incrivelmente vermelhos como rubis cintilantes e parte de sua face
demoníaca pode ser vista por Meredith que se afastou com medo.
—E o que mais tem nesse contrato que eu preciso
saber? Eu terei que fazer algo em troca?
—Garota esperta! – falou Asmodeus sorrindo – O que
está me pedindo não é uma tarefa fácil. Eu não crio amor no coração dos homens,
minha especialidade é outra, luxuria, traição, divórcio, eu corrompo os
corações dos homens.
—Está dizendo que não pode me ajudar? Elvira me
prometeu que somente você tinha poderes para isso!
—Bom eu posso fazer melhor que isso minha querida!
Eu posso criar a situação perfeita para que você fisgue seu amado Artur, sem
que ele nunca mais deixe de te amar! Mas isso terá um preço!
—Minha alma? – perguntou Meredith apreensiva – Já
esperava que me pedisse isso! Estou disposta a fazer qualquer sacrifício por
Artur!
—Ahhh o amor é tão empolgante! Cego, e ávido para
ser retribuído! – respondeu Asmodeus com voz doce e arrastada – Não assim seria
muito fácil QUERO A ALMA DE FLORA! – o demônio nessa hora rangia os dentes e
lambia os lábios como se degustasse algo delicioso – Uma alma pura, vinda para
o inferno é um prazer inigualável para mim! Eu te darei Artur, mas Flora é
minha! Sem negociação! Você deve fazer com que ela seja minha.
—O que eu devo fazer? Como faço aquela beata
esquecer-se de deus e seguir seus caminhos?
—Use sua imaginação criança! – respondeu o demônio –
Esse é um teste para você, não disse que seria fácil, mas se conseguir terá
tudo que sempre sonhou!
—Combinado! Eu cumprirei o que for preciso, vou
pensar em algo! O que faço agora para selar o pacto?
—Apenas diga Siiiimmmmm! – respondeu o demônio
—Simmm eu aceito – disse Meredith que sentiu uma
enorme dor como se fosse uma queimadura em seu seio esquerdo, sentiu como se
fosse marcada a ferro quente, ajoelhou-se no chão pela dor e gritou como se
estivesse em trabalho de parto.
—O que você fez comigo? – perguntou ela aos prantos
– Não estou suportando essa dor! Pare por favor! Te imploro!
—Acalme Meredith essa é a minha marca! A marca que
lhe lembrará do nosso acordo, toda vez que senti-la queimar levemente eu
estarei por perto, venha até mim nesse momento, aqui, onde nos encontramos, no
momento em que cumprir nosso contrato por completo, ela desaparecerá!
Após terminar essa fala, Asmodeus desapareceu e
levou consigo todas as marcas de sua presença, o sinal feito com o sangue do
cordeiro todas as velas e o aparato montado por Meredith sumiram junto do
demônio, ela assustada com aquela experiência sobrenatural correu para casa o
mais rápido que pode, ao tentar subir em seu cavalo foi derrubada brutalmente
pelo animal, ele de alguma forma a rejeitava, estava assustado, com medo, fugiu
e a deixou para trás, ela pensou que poderia ter algum lobo, ou animal a
espreita, mas não, era sua marca, todos os animais estavam com medo dela,
arredios podiam sentir a presença maligna que ela carregava junto de si e todo
seu proposito.
Após mais de uma hora de caminhada Meredith chegou a
casa, com bolhas nos pés, suja e cansada, precisava de um banho e de um bom descanso
para recuperar as energias, sua cabeça estava a mil, pensava em varias
hipóteses fazer com que Flora seguisse o caminho do mal, mas era uma tarefa
complicada.
Meredith que já se sentia diferente há vários dias,
depois de seu encontro com o ser das trevas alguns efeitos da exuberância do
demônio da luxuria se transmutavam nela, por onde ela passava despertava nos
homens uma estranha sensação, um instinto primitivo sexual que os deixavam
confusos, e muitas vezes em problemas com as respectivas esposas.
Estranhamente com Artur tal fascínio não surtia
efeito, ele continuava olhando para ela da mesma forma que via antes, seu amor
e respeito por Flora rechaçava qualquer outra mulher que pudesse se aproximar
dele.
A jovem lacaia de Asmodeus nesse momento pensava
maneiras de desestabilizar o relacionamento dos dois, no entanto ela entendeu
que somente se aproximando de Flora ela conseguiria encontrar alguma brecha no
casamento deles e assim corromper por dentro a casa dos Patton.
Flora era uma garota meiga e inocente, ingênua que
acreditava no bom coração de todos, ali na casa dos Patton ela se sentia
sozinha, pois não tinha quase ninguém além dos criados para conversar, seus
pais viviam em Liverpool ocupadíssimos com os afazeres da fabrica do pai, sua
mãe sempre ajudou seu pai na empresa, fazendo ela figura importantíssima no
funcionamento dos negócios.
Meredith que até um dia anterior ignorava Flora,
fugindo da garota e nos poucos momentos que se encontravam pela casa ela sempre
arrumava alguma desculpa, ou algum afazer para que ela pudesse rapidamente
fugir de conversas as quais ela não suportava, o simples som da voz de sua
rival amorosa a fazia criar uma ira incomensurável.
Diante do pacto que a garota tinha com Asmodeus ela
era obrigada a fazer qualquer coisa, os assuntos de Flora eram completamente
desinteressantes para ela, seria apenas um dos vários sacrifícios que ela faria
em nome do amor que ela tinha ao jovem Artur, ela já sabia de antemão que
exercitaria sua paciência ao máximo nessa tarefa.
A ingênua senhora Patton não estranhou a aproximação
repentina de Meredith, e com ela toda falsidade que sua concorrente carregava,
começaram a ter longas conversas durante as tardes do verão inglês, tomavam chá
juntas e até trocavam confidencias umas com as outras, em um esforço para que
Flora começasse a se abrir sobre o relacionamento dela com Artur.
Ela confidenciou a Meredith que Artur teria que
fazer uma viagem longa, precisaria ir Londres para tratar de assuntos de seu
pai e das propriedades da família, passaria dois meses fora no processo de
inventario dos bens de Theodore, afinal de contas Artur não tinha pleno
conhecimento de tudo que o pai possuía.
Com a ausência do agora chefe da família, o caminho
de Meredith estaria livre a Flora, Artur repassava algumas tarefas para sua
esposa que tomava certo tempo dela, com sua viagem ela teria menos coisas a
fazer a mando de seu marido.
Meredith tinha notado uma dose de fanatismo
religioso em Flora, embora sua doçura e meiguice escondessem leves traços de
excentricidade católica apostólica romana, essa seria uma chance para ela explorar
e fazer Flora se desestabilizar aos poucos de acordo com seu bel prazer,
fanáticos religiosos eram mal vistos naquela sociedade inglesa que se
modernizava, uma sociedade que vivia o auge da revolução industrial, era berço
das tendências tecnológicas e cientificas sua população principalmente a elite
tentava modernizar seu pensamento deixando todo e qualquer extremismo religioso
para trás.
Mas ela precisava de algo que ajudasse a acelerar o
processo de pré-enlouquecimento de Flora, e ela sabia a quem recorrer para essa
tarefa, ela tinha visto em sua visita a Elvira diversos potes com poções etiquetados,
dentre todos aqueles recipientes que lotavam um armário completamente haveria
alguma que a ajudaria nessa tarefa.
Um dia após a viagem de Artur ela retornou a casa da
bruxa, mas dessa vez teve uma recepção um pouco menos assustadora, Elvira a
recebeu como igual, com toda gentileza que uma irmã de seita poderia impor:
—Vejo que foi agraciada com a presença de meu senhor
– disse Elvira com um aceno de cabeça – Seja bem vinda novamente a minha casa
Meredith. Imagino que precise de algo? Estou certa?
—Asmodeus me deu uma tarefa, e eu tenho um plano
para executá-la, mas eu preciso de algum facilitador, algo que faça a pessoa
ter sua consciência e razão levemente alterada, para que eu possa conseguir
influenciá-la de acordo com que eu queira!
—Entendi minha pequena! Então você quer fazer alguém
se passar por louco? Desequilibrado!
—Exatamente Elvira! – respondeu Meredith com
empolgação – Mas nada que seja muito forte, como eu te disse não quero que
suspeitem que ela esteja sendo drogada!
A bruxa então caminhou até o armário das poções e
apanhou um pequeno pote de cor avermelhada, com um liquido viscoso e espumante
dentro dele, com um ingrediente muito assustador dento dele, uma pequenina mão
deformada, que Meredith logo imaginou que fosse de um dos fetos que Elvira
retirava de mulheres que a procuravam para abortar seus filhos bastardos.
—Essa poção se chama “potio ex insânia”, ela se encaixará perfeitamente em seus planos,
uma pequena gota por dia será suficiente para criar alucinações e fazer com que
os julgamentos de quem usa se tornem dúbios, ela acentua qualquer desvio de
personalidade maléfica que seu usuário tiver. Mas não coloque mais que uma gota
por dia, ou a pessoa poderá perder a consciência ficando incontrolável, já que
quer sutileza, apenas uma gota lhe fará chegar aos resultados que espera.
—Mas eu não posso esperar a vida toda Elvira! Essa
poção fará efeito em quanto tempo? Tenho outra preocupação, e quanto ao medico
de família? Dr. Francis ele poderá diagnosticar que ela está sendo drogada?
—A pressa não lhe ajudará nessa empreitada minha
menina, já que não quer deixar evidencias de sua ação, precisa deixar as coisas
acontecerem naturalmente, mas já te tranquilizo que essa poção fará efeitos
rapidamente, em uma semana você começará a ver os resultados. E quanto ao
medico não se preocupe, a medicina nunca poderá explicar a magia e as forças
naturais, ele é cego para isso!
Meredith acenou com a cabeça para Elvira pegando o
pote com a poção das suas mãos, o colocou em sua bolsa se levantou e saiu sem
se despedir, a garota ainda se acostumava com as bizarrices do mundo que
acabava de se iniciar, muitas vezes ela ficava sem palavras, ela ainda se
recuperava do encontro com Asmodeus, mesmo sendo uma figura bela e sedutora ele
carregava a aura sombria e o peso dos reinos nefastos do inferno.
Durante o retorno a casa, Meredith retomou em sua mente
o planejamento de seu plano, que iniciaria a partir da inserção das gotas da
poção no chá de Flora, logo após isso ela precisaria fazer com que Artur
começasse a reparar que sua esposa era perigosa para si mesma e para todos da
casa, ela teria de criar uma história robusta suficiente para perturbar o amor
que ele sentia pela esposa, mas para isso precisaria ver o quanto a poção
desestabilizaria Flora.
Já chegava a hora do chá entre as duas e dessa vez
Meredith foi à cozinha e disse à mãe que ela mesma prepararia, insistiu que
assim fazendo ela criaria mais empatia entre as duas, sua mãe vendo aquele
comportamento da filha ficou feliz, vendo que a garota começava a mudar o
comportamento estranho dos últimos tempos.
Flora esperava ansiosa por todas as tardes para o
chá com Meredith, era uma pessoa encantadora para ela, tinham praticamente a
mesma idade e elas começavam a adquirir mais intimidade uma com a outra e ela
já se sentia a vontade para conversar assuntos mais íntimos com a considerada
amiga.
O chá dessa tarde para Meredith era especial, e a
partir dele outros o sucederiam com toda pompa que merecia a ocasião, já que
era nesse momento que ela tentaria infectar Flora tanto com a poção, quanto na
segunda frente que seria plantar alguma semente de discórdia na cabeça
desestabilizada de sua rival.
Flora não fazia a menor ideia dos planos malévolos
que sua suposta amiga tinha contra ela, naquele dia em especial Meredith estava
especialmente gentil, se gabou que ela tinha preparado pessoalmente o chá para as
duas, as moças ficaram por mais de duas horas conversando e Meredith começou a
se mostrar preocupada com a longa ausência de Artur, dizendo ela:
—Homens quando ficam muito tempo longe das mulheres
sempre aprontam algo, Londres é cheia de lugares onde eles podem achar diversão
fácil, se é que me entende – completou ela com um olhar de desaprovação.
—Não me preocupo com isso Meredith, meu Artur é um
homem integro, não procuraria um lugar desses a fim de satisfazer simples
desejos carnais, estará lá em oração, quando não estiver resolvendo seus
assuntos de trabalho.
Meredith apenas assentiu com a cabeça, e logo após
essa conversa ela disse a Flora que precisava resolver alguns assuntos pessoais
e que estaria ansiosa para o chá do dia seguinte. E assim nos dias que se
sucederam elas continuaram a rotina de tomarem o chá batizado por ela juntas, e
todos os dias ela tentava plantar na mente de Flora a ideia de que Artur não
era o homem santo que sua esposa tanto imaginava, com frases como “não confie totalmente nos homens” e que
“homens são todos iguais, só pensam com a
cabeça debaixo”, ela tentava desestabilizar a mente da Sra. Patton.
Mas ao fim do quinto dia a promessa de Elvira
começava a fazer efeito, Flora começava a agir estranho, relatou a Meredith que
tinha sonhado que Artur a estava traindo com outra mulher, uma mulher da
realeza Londrina e que ela tinha ficado muito triste ao descobrir, e que tinha
voltado para a casa dos pais em Liverpool após a constatação da traição do
marido.
Flora estava com o semblante diferente, mais
cansado, pupilas sempre dilatadas e as poucas vezes que conseguia dormir
começava a ter pesadelos, por mais e mais horas seguidas ela permanecia na capela
da propriedade fazendo suas orações, começava a andar pela casa com um terço na
mão rezando baixo, comia pouco e começava a emagrecer.
A antes educada e meiga garota, agora já fazendo
quase um mês que tomava o chá de Meredith se tornara paranoica e reclusa, saía
do quarto somente para dois compromissos, suas orações na capela e para o chá
com a amiga, uma das únicas pessoas com quem ela mantinha diálogo constante,
tratava mal os empregados da casa, os vigiando como se fossem ladrões da
propriedade, por vezes gritou pela casa que os ladrões não entrariam pelos
portões de São Pedro e que eles seriam os primeiros devorados por Satanás no
reino do inferno.
Os empregados da casa se sentiam intimidados pelo
comportamento de Flora, tinha mudado completamente as tratativas com eles, e
ninguém conseguia explicar tal ação, somente Meredith recebia gentileza o
restante era mal tratado.
Flora tinha sonhos perturbadores a noite inteira,
começava a ter visões durante o dia de meretrizes em torno de Artur, via
constantemente seu marido nos braços de varias mulheres e sempre acompanhado de
um homem belo e misterioso, uma figura que ela nunca tinha visto, mas Meredith
conhecia bem, Asmodeus até aquele momento estava contente com o plano de sua
futura pupila e via que ela era uma mulher como ele imaginou, sortida que não
tinha limites para conseguir o que queria durante a vida.
Dr. Francis o medico da família tinha sido chamado
por Vitoria, mãe de Meredith para avaliar a condição de saúde de Flora, mas
como previsto por Elvira ele apenas medicou a garota para uma anemia que ele
havia diagnosticado, além de um medicamento para o sono para que ela pudesse
dormir melhor e diminuir as profundas olheiras e o semblante casado de Flora,
que já era latente em sua expressão.
O remédio do medico fez pouco efeito sobre Flora,
suas olheiras diminuíram um pouco e seu estado de saúde teve uma levíssima melhora,
mas a paranoia e as visões não diminuíram sua personalidade totalmente
transformada pela poção de Elvira fizeram a garota se transformar na megera que
todos temiam uma bruxa que levava a todos a histeria coletiva, sempre
amedrontados com medo de qualquer ação da patroa.
Em um episodio fatídico na propriedade ela jogou em
uma empregada um bule de café causando um grande hematoma na cabeça da pobre
mulher que apenas tinha feito o café com pouco açúcar conforme o próprio pedido
de Flora, porém ela ainda o achou doce e tomada pela fúria atirou todo bule
contra a cozinheira, além do hematoma ainda lhe causando queimaduras pelo
corpo, todos os funcionários da residência ficaram horrorizados com a atitude
da patroa, muitos queriam deixar a casa e abandonar toda aquela atmosfera de
perturbação que ela causava em todos ali, estavam exaustos de todos os abusos
da Sra. Patton mesmo todos sendo fieis a Theodore e os mais jovens de trabalho
ali tinham no mínimo quinze anos de trabalho na casa, mas viam toda essa
dedicação sendo simplesmente ignorada pelos desmandos da garota.
Em meio a uma quase rebelião dos empregados da casa
Artur retorna de sua viagem de negócios, quinze dias antes do previsto estava
com saudades do lar, de seus amigos e de sua esposa, mas ao chegar em sua
propriedade não acreditou no ambiente que ali se instaurava, um ambiente triste
com sua esposa totalmente transformada, quando a viu mal acreditou que era ela
mesma.
—Querida, está se sentindo bem? – perguntou Artur
com nítido ar de preocupação – Parece muito cansada! Tem dormido bem?
—Estou um pouco cansada sim querido! Cuidar dessa
propriedade desse tamanho sozinha me cansou muito! Mas agora que está aqui à
carga será menor creio eu.
—Dr. Francis já veio aqui lhe ver? – perguntou Artur
ainda preocupado – Vou pedir para ele vir aqui urgentemente!
—Ele já veio aqui Artur, me deu alguns remédios e
disse para eu repousar, mas na ocasião não eu não poderia descansar plenamente,
agora com sua chegada posso repousar com mais liberdade.
Artur aceitou aquela explicação de sua esposa, mas
mesmo assim ainda estava preocupado com a condição de Flora, ele ficaria vigilante
quanto a seu estado, ele esperava que com seu retorno tudo estivesse em ordem
em sua casa, mas ouviu diversos relatos de seus funcionários das maldades
feitas por sua esposa para como eles, Sr. Patton ficou horrorizado com o
comportamento da esposa e prometeu a todos em uma reunião que ela não mais
faria qualquer ação maléfica contra eles, ficando ele profundamente
decepcionado, envergonhado e supresso com a atitude da esposa, que até então
era uma pessoa meiga, gentil e carinhosa, ele nunca imaginaria que ela mudaria
tanto assim em tão pouco tempo.
A primeira noite depois de muitos dias fora de casa
de Artur foi um tanto quanto perturbadora, não quis procurar sua esposa naquela
condição a qual ela transparecia a deixou descansar, mas o que presenciou
durante a noite o deixou mais preocupado, Flora tinha muitos pesadelos e crises
de choro durante o sono, momentos de sonambulismo também foram constantes no
decorrer da madrugada, naquela hora ele temeu pela esposa, pensou que ela
poderia estar com algum problema mental sério.
Os dias se passavam e mesmo com as visitas
constantes de Dr. Francis a sua esposa não faziam efeito contra o envenenamento
paulatino causado pelos únicos eventos que Artur considerava que faziam bem a
Flora, os chás entre ela e Meredith, mal sabia ele que nesse momento sua esposa
era colocada sob uma condição extremamente vulnerável diante de uma mente má e
perversa que não mediria esforços para tomar o posto de Sra. Patton.
Em um dos chás entre as duas “amigas” Flora
confidenciou a Meredith uma situação que deixou a sórdida amiga com uma ideia
que faria ela tomar finalmente o lugar que para ela a pertencia por direito:
—Estou muito triste Meredith – disse Flora com olhar
pesado – Artur já está em casa há vários dias, desde que chegou ele não me procurou!
Estou começando a me preocupar com aquilo que você sempre tem me alertado. Acho
que ele tem uma amante!
—Infelizmente Flora! Os homens são grandes egoístas,
só pensam neles e querem se satisfazer a todo o momento, Artur é um nobre e faz
com que varias mulheres o cortejem.
—O que posso fazer Meredith?! Como faço para que meu
marido volte a ter interesse por mim, e deixe de pensar nessa meretriz que o
impede de me procurar.
—Flora! Creio que Artur esteja enfeitiçado! É a
única explicação para um homem apaixonado como ele é por você, não a procurar
mais, ou ficar enchendo de desculpas que você está louca, isso pode ser um
plano para lhe internar em algum hospital como louca, e assim anular seu
casamento, trazendo a outra mulher para seu lugar.
Nesse momento Flora teve uma visão tórrida
descrevendo justamente o que Meredith acabava de plantar em sua cabeça, a
aterradora cena dela num manicômio presa a uma cama enquanto uma amante
qualquer tomava sua casa e todas as suas posses, tudo que tinha conquistado
principalmente o amor de seu marido, que para ela era o maior bem que ela
tinha.
—Como eu faço para quebrar esse feitiço Meredith? Eu
não conheço nada sobre esse assunto! Preciso livrar meu marido desse mal! Por
favor, me ajude!
—Eu conheço alguém que pode lhe ajudar Flora! Ela já
me ajudou quando eu era criança, me livrou de uma doença terrível, se chama
Elvira e mora perto do rio Irwell, mas não quero que você a veja, ela te
aterrorizaria ainda mais, deixe isso por minha conta, no entanto eu precisarei
de uma mecha de cabelo de Artur, você precisa tirar dele enquanto ele estiver
dormindo. Você consegue?
—Tenho medo dessas coisas Meredith, já ouvi falar
dessa mulher! Ela é uma bruxa! Realmente não quero vê-la, mas se ela é a única
chance que eu tenho para livrar meu Artur desse inferno que ele vive, eu
aceito! Vou conseguir essa noite a mecha de cabelo dele e amanhã você cuida de
libertar meu marido dessa mulher detestável.
Meredith apenas assentiu com a cabeça enquanto
recolhia as xicaras de chá que as duas usaram durante o encontro, uma sensação
de satisfação começara a perfazer o coração dela, sentia que conseguiria em
breve seu objetivo.
Mas agora ela tinha a segunda etapa do seu plano,
conversar com Artur sobre a condição de Flora, e ela precisaria fazer isso
rápido para que ele ficasse alerta sobre as atitudes estranhas de sua esposa
contra todos ali na casa, e por isso ela foi ao encontro dele, caminhou até o
escritório que outrora pertencia lorde Theodore, e agora era ocupado pelo filho
sob as mesmas responsabilidades.
A porta do escritório estava entre aberta e com um
leve toque apenas para informar que ela estava presente, Meredith adentrou ao
recinto pedindo licença e se sentando a cadeira à frente a mesa onde Artur
estava analisando alguns documentos.
—Artur gostaria de conversar com você a respeito de
um assunto delicado – disse Meredith com voz preocupada – Flora está muito
doente, e você precisa fazer algo ela está ficando cada vez mais perigosa, temo
por ela e por você!
Artur nesse momento já havia parado de analisar os
documentos que tomavam sua atenção até o momento em que Meredith começou a
falar de Flora, ele detinha a mesma preocupação e como a garota a sua frente
era no momento a pessoa mais próxima de sua esposa ele se interessou
imediatamente pelo que ela tinha a dizer.
—O que quer dizer com isso Meredith? Como assim ela
está ficando cada vez mais perigosa? Seja mais clara!
—Flora está perdendo a consciência Artur, está
ficando louca, a ouço diariamente dizer coisas sem sentido, mas vejo que sou a
única com quem ela pode conversar com liberdade e creio que isso a faça bem,
mas ela piorou muito com seu retorno, eu que pensei que contigo próximo ela
estaria melhor, mas me enganei ela está paranoica e temo que a qualquer momento
ela possa fazer alguma besteira.
—Eu estou muito preocupado com ela Meredith, estou
pensando em trazer um medico de Londres para vê-la, Dr. Francis infelizmente
não tem conseguido progresso e temo que a doença dela esteja fora do alcance
dos conhecimentos do nosso medico.
—Artur, preste atenção no que eu vou lhe dizer,
Flora está vendo coisas, tendo alucinações e conversando sozinha, hoje durante
nosso chá ela estava mais estranha que o normal, parecia que conversava com
alguém além de mim, dizia frequentemente para alguém que esta noite ela iria
completar a tarefa que tinha pedido. Eu não sei o que ela quis dizer com isso,
mas fiquei muito preocupada.
—Entendo sua preocupação Meredith – respondeu Artur
extremamente impressionado com a fala da garota – Ficarei atento ao comportamento
de Flora, agradeço a você por vir me alertar e te peço que deixe esse assunto
entre nós, os empregados da casa já estão muito alvoroçados com o comportamento
de minha esposa e qualquer historia nesse sentido somente faria mal a todos
aqui, te peço apenas mais esse favor, sei que está ajudando muito minha esposa
emprestando seus ouvidos diariamente, de qualquer forma obrigado mais uma vez.
—Claro Artur! Só estou aqui te contando isso por
consideração a tudo que sua família fez por mim e por meus pais, conte com
minha colaboração no que precisar.
Meredith saiu da sala após essa estranha conversa,
deixando Artur perdido em seus pensamentos com as informações que ela acabara
de jogar sobre ele, o jovem Sr. Patton que era obrigado a assumir grandes
responsabilidades aos quais ele não se sentia preparado agora precisava se
preocupar com a saúde mental de sua esposa e com toda repercussão que aquilo
poderia causar sobre seus negócios e sua vida como um todo.
Seria mais
uma noite longa em que ele sofreria junto com sua esposa as consequências da
doença que se abatia sobre ela, o sonambulismo e os pesadelos já estavam o
deixando exausto, ele que para não causar nenhum alvoroço desnecessário se
negava a seguir o conselho de Dr. Francis em dormir separado de Flora, pensava
que se fizesse isso estaria abandonando sua esposa a própria sorte, preferia se
penitenciar e cuidar de sua amada mesmo que lhe custasse todas as noites de
sono durante sua vida.
Aquela noite em especial ele redobraria a vigília
sobre sua esposa, o aviso de Meredith o tinha alertado para algo que ele se
quer teria veiculado, a chance de Flora se tornar violenta contra ele em um de
seus ataques de sonambulismo, atentando contra ele de alguma maneira, sua
atenção dali em diante seria muito mais aguçada.
Ao notar que a Sra. Patton já tinha se recolhido aos
seus aposentos Artur fez uma vistoria pelo local a fim de procurar por algo
estranho ou que pudesse corroborar com a historia que Meredith havia contado a
ele mais cedo, felizmente naquele momento ele não encontrou nada que o
alarmasse, então ele se deitou ao lado de Flora, que dormia tranquilamente
feito um anjo, sono esse que desde que retornara de viagem não via sua esposa
desfrutar.
Flora no entanto não estava dormindo, fingia para
deixar o marido mais tranquilo e de guarda baixa, ela sabia que ele a vigiava a
noite, devido aos pesadelos para que pudesse ter mais provas de que ela estaria
louca. Ela sabia que se ele a visse dormir tranquilamente ele também o faria,
deixando o caminho livre para ela conseguir a mecha de cabelo para quebrar o
feitiço em que ele estaria preso.
Já haviam se passado cerca de duas horas desde que
Artur tinha deitado ao lado de Flora, e a garota nesse momento tinha certeza
que seu marido estava dormindo profundamente, era o momento dela conseguir o
que tanto precisava e queria, se moveu lentamente para não despertar seu marido
e apanhou debaixo do colchão uma tesoura prateada, brilhante e extremamente
afiada, Artur estava deitado de barriga para cima, e ela então se sentou ao
lado dele e vagarosamente levou a tesoura em direção a cabeça do marido.
Artur também fingia estar dormindo e notou toda
movimentação de Flora, olhando com os olhos entreabertos não notados por ela
devido a luz baixa no quarto, ele pode ver ela sentar-se ao lado dele na cama e
com um olhar perturbado ela tirou uma lamina brilhante e a levou em direção ao
seu pescoço, ele temeu pela sua vida imediatamente e se assustou com o gesto de
sua amada, despertou enquanto ela levava a tesoura em direção ao seu rosto e
segurou a mão de Flora, tentando a impedir de mata-lo, os dois assustados cada
um com uma cena perversa na cabeça montada por Meredith lutavam para ter o controle
da lamina até que a força de Artur prevaleceu sobre Flora, eles caíram da cama
e ele mais pesado ficando por cima da esposa que com um grito aterrorizado de
dor, sentiu a tesoura entrar em seu peito até o cabo, a menina agora com
semblante mórbido deu seu ultimo suspiro olhando para o marido uma ultima vez.
Artur desesperado com o que tinha acabado de
acontecer estava perdido sem ação sentou pegou a esposa no colo e a colocou de
volta em sua cama, tentando reanima-la a em vão, ela já não tinha mais vida e
ele acabara de perder o amor de sua vida, assassinada pelas suas próprias mãos.
Meredith que estava a espreita foi a primeira a
chegar no quarto dos dois, bateu a porta e ele abriu a porta aos prantos para
ela, que rapidamente pode notar que seu plano havia dado certo, Flora estava
deitada sobre a cama imóvel com os olhos abertos ao lado sobre o carpete do
quarto uma poça de sangue, tudo estava perfeito para ela, era sua chance de
finalmente conquistar o homem que amava, tinha cumprido sua parte do acordo,
sua rival estava morta e Asmodeus a levaria para o inferno.
No quarto junto a Artur ela o abraçou tentando
conforta-lo, dizendo que nada do que havia acontecido ali seria culpa dele, que
tinha sido provocado pela loucura de Flora e que tinha apenas se defendido de
um ataque de loucura de sua esposa, que agora ele precisaria chamar os
policiais da cidade para validar a historia conforme havia acontecido, sem que
Artur tivesse culpa do acidente ocorrido.
Os policiais levaram cerca de duas horas para
chegarem a casa dos Patton e lá puderam constatar o obvio, Flora estava morta e
o cenário era de um possível assassinato, no entanto os policiais começaram a
ouvir os empregados como testemunhas do que aconteceu e todos falaram a mesma
versão, de que sua patroa sofria de problemas mentais, que chegava a ser
violenta com eles e que Artur buscava uma forma de ajudar a esposa, que ele
nunca a mataria a sangue frio.
Artur estava desolado com Meredith ao seu lado, ele
contou aos policiais tudo que havia acontecido durante a noite e durante as
noites anteriores também, relatou os pesadelos da esposa e as crises de sonambulismo
que o deixaram extremamente vigilante, era nítido para todos que não se tratava
de um crime de ódio, ou qualquer coisa do tipo, ele realmente estava com o
coração partido pela morte da esposa.
Eles também entrevistaram Dr. Francis que chegou
pouco antes deles no local, o próprio medico reforçou a ideia que ela tinha problemas
psiquiátricos, que ele tinha dado conselhos a Artur para que ele internasse
Flora em vão. Com todo esse cenário a favor do jovem Patton o investigador
encarregado da cena do crime não levou sequer ele preso, apenas pediu que ele
não saísse da cidade sem avisar a justiça e que ele poderia ser chamado para
depor novamente.
Os policiais levaram o corpo da Sra. Patton para que
o legista pudesse constatar a historia de Artur, o próprio pediu que fosse
feito um exame no cérebro da esposa a fim de encontrar algum sintoma da loucura
de Flora, a imagem do corpo da esposa saindo pelo amplo salão da residência em
meio a todos os empregados observando aquela bizarra cena, de onde Meredith do
alto das escadas admirava o desfecho de seu ato sombrio com um sorriso escondido
pela ocasião que não a permitia expressar toda felicidade que ela sentia.
Ao lado de Artur ela se dispôs a ajuda-lo em tudo
que ele precisasse, a garota sabia que aquele momento de fragilidade dele seria
o mais propenso ao ataque que ela tanto planejou durante o tempo em que ele
esteve fora, e ela não perderia tempo.
Ela ficou ao lado de seu amado por todos os momentos
a partir dali, ajudou na organização do velório de Flora, preparou uma pomposa
cerimonia para “homenagear” a partida de sua rival, aos que soubessem de suas
reais intenções diriam que ela estava organizando uma mórbida festa de
casamento com uma convidada dentro do caixão. Artur se limitava a receber os
amigos e parentes de Flora que lá estavam para dar o ultimo adeus à moça.
Durante toda cerimonia Meredith distribuía simpatia
para todos os convidados, se vestiu discretamente dessa vez, e recebeu a todos
os como se fosse à dona da casa, foi à anfitriã perfeita, mesmo que informalmente
ela já se sentia senhora da casa, e todos que ali estavam começavam a vê-la com
destaque diferente naquela ocasião.
Com um discurso emocionado e triste Artur se
despediu da esposa levando a todos a comoção geral, Flora foi levada ao
mausoléu da família e enterrada ao lado de Lorde Theodore, que em vida nunca
esperaria uma companhia de eternidade tão cedo assim, ela triste ver uma pessoa
tão jovial, meiga e simpática ter sua vida ceifada de maneira tão estranha e
cruel, os planos de Meredith eram perversos.
A situação de Artur era triste, deprimido, catatônico
e desleixado, com a barba grande e descuidada, roupas mal passadas e cabelos
emaranhados, o antes alvo e bem cuidado filho de um nobre general inglês agora
se parecia mais com um bêbado largado pelas ruas de Manchester, estava no fundo
do poço e sem aspersões e motivação para lidar com os problemas que tinha, em
menos de três meses ele tinha perdido as duas pessoas mais importantes que
tinha.
Meredith via aquela situação e com a paciência que
ela aprendeu nos últimos tempos esperou o momento certo para atacar, “preciso esperar até ele chegar ao fundo do
poço”, assim ela pensava e fez, em uma noite em que ele cambaleava pela
casa ela o abordou:
—Artur é muito triste vê-lo assim! Você precisa se
erguer! O que seu pai diria se o visse assim nessa situação?!
—Meu pai se foi Meredith! Não preciso me preocupar
com o que ele pensaria de mim!
—Você é filho do grande Theodore Patton, um herói
nacional, deve agir como tal, dessa forma você irá destruir tudo que ele construiu!
É isso que quer?
Artur caiu em prantos pelas palavras de Meredith, se
lembrando das palavras do pai, “seja
forte Artur, você vive e morre, mas seu legado será para sempre”, quem ali
estava na verdade não era o novo lorde Patton, mas sim um garoto que mal se
formou na faculdade que sempre foi blindado pela imagem forte do pai, agora ele
precisaria tirar energia de seu amago para vencer todas aquelas atribulações.
—Eu não consigo Meredith! Sou fraco! Não posso levar
todas essas responsabilidades sozinho! – disse Artur sentado ao chão cabisbaixo
– Não sei o que farei para continuar!
—Deixe me ajuda-lo meu amor! – Meredith se abaixou a
frente de Artur e levantou seu rosto com sua mão acariciando seu queixo
enquanto ela o beijava – Eu sempre vou estar ao seu lado! Juntos poderemos
vencer qualquer coisa!
Artur que não tinha forças mentais para rechaçar a
investida de Meredith sentiu toda volúpia da moça sobre si, uma mulher exuberante
e linda, que ele não foi capaz de resistir, ele se levantou e a pegou pelo colo
jogando-a sobre a cama, as roupas dos dois saiam do corpo com a velocidade do
desejo que os consumiam, enquanto eles se entregavam ao mais animalesco dos
instintos humanos.
Meredith sentia o corpo de seu amado sobre si e todo
o prazer que ela sempre quis com aquilo lhe foi dado, estava com ela com tudo
que mais sonhava agora em suas mãos, ou entre suas pernas, mesmo com todo
aquele prazer ela sentia uma presença sombria dentro do quarto, e não estava
errada quanto a isso, pelas sombras seu mestre Asmodeus a espreitava.
O demônio deixou que ela se esbaldasse com todo
prazer que ela sempre sonhou, com o amor que ela queria sentir pelas mãos de
Artur, mas ele estava furioso, e fez com que sua semente brotasse em chamas no
peito de Meredith.
Artur se levantou da cama ao lado de Meredith para
ir ao banheiro do quarto, enquanto ela deitada comtemplava a visão do amado,
imediatamente com sua saída o sinal de Asmodeus no peito dela começou a queimar
feito brasa viva, ela sentia uma dor extenuante que quase não conseguia falar,
o fogo ardia pelo seu seio e cobria seu corpo quase por inteiro, e em sua mente
ela ouvia a voz de seu mestre dizendo: “Você
me enganou, aonde está ela?”, a moça não conseguia entender o porque de
toda aquela fúria de Asmodeus, afinal de contas ela tinha feito tudo conforme o
combinado.
Ela entendia que aquele sinal dado por ele era
terrível e que ela precisava vê-lo para tentar acalma-lo, ele só poderia
conversar com sua pupila no local onde ele foi invocado, ou por sonhos e
visões, no entanto ela sabia que dado às circunstancias o melhor a fazer era enfrentar
o demônio cara a cara.
Antes que seu amado voltasse do banho ela se
levantou e foi em direção ao seu quarto, chegando a seu aposento ela buscou o
livro de Asmodeus alguma forma de acalma-lo, e tão logo encontrasse ela partiria
para encontra-lo e saber exatamente o motivo que o deixara tão furioso.
A jovem Meredith com medo em seu coração não sabendo
do que Asmodeus seria capaz de fazer com ela, partiu em direção ao lago onde ela
tinha o encontrado pela primeira vez, mas desta vez o demônio já a aguardava
sentado sobre uma pedra, fumando um charuto com os olhos vermelhos em brasa.
—Então vejo que conseguiu seus objetivos Meredith? -
perguntou Asmodeus ironicamente – Mas pelo que vi somente você conseguiu o que
queria!
—Eu fiz tudo que você pediu Asmodeus! – respondeu
Meredith com medo – Eu deixei Flora louca, ela ficou má, tentou matar Artur!
—Então você acha que a maldade que supostamente
Flora adquiriu era suficiente para leva-la para o inferno? – respondeu Asmodeus
com a face transformada sua figura original – Ela foi envenenada! Sua idiota
você a induziu maldade, ela não fez por conta própria, eu pensei que você seria
mais inteligente Meredith! Diga-me sua imbecil qual a única maneira de um ser
puro como ela ir para o inferno?
—Eu não sei! Eu pensei que se ela tentasse contra a
vida de qualquer pessoa ela automaticamente perderia sua pureza de alma!
Perdoe-me? Deixe me consertar isso!
—Ela deveria se suicidar sua desgraçada! Somente ela
se suicidando ela iria direto para o inferno! Sua tarefa era que ela ficasse louca
até que cometesse suicídio, eu pedi a Elvira para que lhe desse a poção para
fazer isso, você apenas deveria fazê-la ficar deprimida, mas preferiu o caminho
mais rápido!
—O que posso fazer para corrigir isso Asmodeus?!
Diga-me, por favor! Eu não quero perder Artur e tudo que você me prometeu!
—Seu contrato foi quebrado Meredith, e como eu te
disse eu não faço acordos para serem quebrados, a partir de hoje você tem uma
divida comigo e eu começarei a cobra-la AGORA!
Asmodeus caminhou em direção a Meredith com o corpo
se transmutando para a figura demoníaca que figurava o livro em que ela o tinha
invocado, de seus ombros brotavam duas cabeças, uma de touro e outra de
carneiro, além das asas que nasciam de suas costas, a visão era aterradora e a
garota somente teve uma ação.
Antes de sair de casa Meredith leu um capitulo
especial do livro de Asmodeus, a parte que dizia como afasta-lo, por sorte ela
ainda tinha guardado em uma bolsa o resto do sangue do cordeiro sacrificado no
ritual de invocação, diante da ira do demônio somente a queima do sangue que o
invocou poderia afasta-lo, tendo isso em mãos antes do pânico tomar conta de
seu coração Meredith tirou a bolsa e ateou fogo, o demônio imediatamente foi
consumido pelas chamas como se tivessem sido lançadas diretamente sobre ele.
O coração acelerado dela e o cheiro de enxofre
deixado pela queima do sangue à fez vomitar vigorosamente, logo após os vômitos
ela desmaiou ali na beira do lago, diante de tamanho horror presenciado pela
presença terrível que ela invocou, ela não se viu com forças para se levantar
temendo que pudesse morrer ali naquele momento.
Quando Meredith retomou sua consciência ela viu uma
figura familiar a sua frente, o rosto de seu amado em seu quarto era a melhor
visão que poderia ter após toda aquela tensão, ela a primeiro momento pensou
que estivesse sonhando, mas ao ver seus pais ali ao lado ela notou logo que
estava realmente acordada.
—Meredith, como você está? – perguntou Artur com
preocupação – Te encontramos desacordada perto do lago! O que houve?
—Eu não me lembro querido! – respondeu ela abraçando
seu amado – Só me lembro do momento que estávamos juntos, depois disso foi só
escuridão!
Ao passar os olhos pelo quarto o pânico tomou conta
de Meredith, os olhos estatelados e o suor frio, a garota começou a tremer com
o que via, de pé logo atrás de seus pais ela enxergou o fantasma de Flora, pálido
com um furo no peito de onde saía um liquido preto viscoso, Flora abriu a boca
para falar e da sua boca era ouvido o choro de bebê. A barriga a mostra do
fantasma deixava transparecer pequenas mãozinhas tentando rasgar a pele num
parto forçado.
Um grito desesperado de Meredith fez todos se
assustarem ela se desesperou com a visão, Flora sorria em dados momentos e o
terror causado nela fez com que ela novamente desmaiasse de medo. Artur mais
uma vez surpreso com o que acontecia em sua casa, todos ali estavam
atormentados com os eventos dos últimos tempos, agora a loucura parecia começar
a se abater sobre Meredith.
Novamente acordada e dessa vez com o velho medico da
família ao seu lado, Meredith deu um suspiro aliviado por achar que teve apenas
um pesadelo horrível, Dr. Francis fez a garota uma serie de perguntas para ela
quanto a sua condição mental, perguntou sobre alucinações e diversas outras
questões iguais as que ele perguntara para Flora.
A garota rechaçou as perguntas do médico tratando de
deixa-lo com poucas dúvidas sobre sua condição mental, para ela a prioridade no
momento era continuar sua aproximação junto a Artur, ela precisaria continuar
com a artilharia pesada sobre o rapaz. Rapidamente ela se levantou e se
arrumou, tomou um banho longo e se perfumou, vestiu um provocante vestido e
partiu a busca de seu amado.
Meredith encontrou Artur no local onde sua presença
era mais constante, o escritório de seu pai, agora seu, ainda mantinha todas as
características deixadas por Theodore, ele não tinha feito alteração alguma na
decoração, esta na verdade também intacta desde a morte da mãe do garoto, o
velho general tinha pedido a esposa para dar um toque especial no escritório.
—Artur você
parece melhor! – perguntou Meredith colocando a mão sobre a mão dele.
—Eu estou bem Meredith. Minha preocupação atualmente
é você? Você me deixou no meio da madrugada, saiu sem deixar rastro e logo após
te encontramos na beira daquele lago! O que houve?
—Eu não me lembro Artur! – disse a garota com os
olhos lacrimejados – Minha única lembrança foi agora a pouco com Dr. Francis me
fazendo diversas perguntas! Juro-te, eu não me lembro de nada! – continuou ela
adicionando o tom dramático a fala – A única lembrança que tenho foi da nossa
noite de amor, eu sempre te amei, você nunca me notou, sempre me viu como irmã,
mas finalmente você me viu como mulher.
—Você é uma mulher maravilhosa Meredith! Sempre vi
isso! Mas não creio que esse seja o momento de nos envolvermos! - respondeu
Artur em tom eloquente – Não estou em condições mentais e sociais de adotar um
novo relacionamento, ainda guardo o luto por Flora, a morte de minha esposa foi
em condição muito adversa e qualquer envolvimento meu com você levaria logo as
pessoas a pensarem que eu possa ter tramado sua morte.
Meredith sentiu aquelas palavras como um soco no
estômago, seu coração acelerou e ela se viu em uma situação a qual não estava
preparada, mas ela ainda tentaria uma ultima medida desesperada. A bela e
exuberante mulher se levantou soltando os cordões de seu vestido, deixando-a
completamente nua a frente de Artur, que havia se voltado a analise de alguns
documentos sobre a mesa, voltou os olhos para ela, paralisado pela cena,
enquanto Meredith caminhava em sua direção, ao chegar próximo tomou a mão do
rapaz e colocou sobre seu seio.
Artur não conseguiu resistir a tamanha investida de
Meredith, ele a tomou pela cintura e eles se entregaram ao sexo sobre a mesa de
seu pai, tendo os gemidos da garota chamado a atenção de alguns empregados que
passavam do lado de fora do escritório.
A moça que mais uma vez voltava a conseguir
persuadir Artur atacando o ponto fraco de qualquer homem, estava sobre seu
amado enquanto ele sentado na cadeira acariciava seus seios, com o prazer
tomando conta de todo seu corpo ela que de olhos fechados aproveitava a
sensação, levantou a cabeça e sentiu seu peito queimar imediatamente, Flora era
expectadora da cena, deitada, porem sobre o teto, logo acima dos dois, seu
ventre dessa vez sangrava e ao abrir a boca novamente o choro de bebê, mas
estridente que fazia os ouvidos quase sangrarem, o rosto sem expressão da Sra
Patton, agora se colocava em decomposição.
—Meu deus!!! – Meredith caiu de cima da mesa de onde
estava com Artur – Fique longe de mim!!!
Seu seio queimava novamente, e em sua cabeça ela
conseguia ouvir o choro de Flora, novamente ela vestiu suas roupas e saiu do
lugar correndo, deixando Artur mais uma vez sem respostas.
Meredith estava muito assustada com a cena, pela
segunda vez ela ao se aproximar de Artur, ela viu a imagem de Flora, ela
estaria ficando louca? Ou seria obra de Asmodeus que furioso enviou o espirito
da garota para atormenta-la, somente uma pessoa poderia dar a ela as repostas
que precisava, ela precisava falar com Elvira.
Elvira estava em sua cabana trabalhando em de seus
hobbies, a taxidermia, mas sua arte era um tanto peculiar, ela retratava os
animais no momento de sua morte, para isso ela os infringia torturas horrendas
para que eles mantivessem por muito tempo a expressão de extrema dor, e a
partir daí ela os empalhava no seu ultimo momento de vida, sob agonia.
Distraída com seus mórbidos afazeres ela não notou a chegada de Meredith que
não bateu a porta, com um rompante de pressa, medo e desespero a garota invadiu
a casa da bruxa deixando-a sem palavras com a surpresa.
—Elvira preciso de sua ajuda! – disse Meredith
tentando recuperar o ar que precisava para concluir sua frase – Asmodeus está
furioso comigo! Eu não sei o que fiz de errado! Flora agora está me atormentando,
todas as vezes que me aproximo de Artur ela vem me assombrar!
—Você é muito ingênua Meredith! – disse a bruxa com
desdém – Você acha que Asmodeus joga para perder? Você ofereceu a um demônio a
coisa que ele mais procura uma alma pura, dar-lhe uma alma imaculada para que
ele pudesse se alimentar dela! É uma oferta que ele jamais recusaria, e você
falhou em leva-la a ele! Você ainda está em débito com Asmodeus!
—O que eu posso fazer para solucionar isso? Estou
enlouquecendo com essa história! Só quero meu Artur!
—O demônio só quer o que você prometeu a ele
Meredith! Enquanto ele não tiver a alma prometida ele não deixará de te atormentar.
Eu não posso te ajudar minha pequena, o pacto selado foi entre vocês dois, eu
lhe avisei!
Meredith não sabia ou não tinha noção do que fazer
para acalentar o ódio de Asmodeus e ao mesmo tempo tirar o espirito de Flora de
seu encalço, todo terror que as aparições que a alma de sua rival infringia a
ela, afinal de contas Flora parecia estar atrelada a Artur de maneira que ela
não a deixava se aproximar do tão sonhado amor pelo jovem Sr. Patton.
Saindo da casa de Elvira a jovem com os pensamentos
deturpados tentava chegar a sua casa, sentia uma agonia em seu peito, uma
sensação que algo acontecia, mas ela não tinha certeza do poderia ser, mas o
caminho parecia extremamente longo, parecia que andava em círculos não
conseguia terminar uma simples estrada, logo notava que estava no inicio do
caminho novamente.
Estava em um circulo vicioso com agonia crescente,
presenças disformes começavam a aparecer em seu caminho, ouvia sorrisos e
gargalhadas vindo da bolha em que estava, era como se Asmodeus zombasse dela,
aqueles espíritos que ficavam ao longo do caminho eram provas que ela estaria
presa ao demônio para sempre, todas aquelas almas pareciam ser de pessoas que
fizeram o mesmo acordo com o mal, ali naquele contexto parecia que o diabo dava
a ela um claro recado.
De repente Meredith se viu paralisada com uma imagem
em sua cabeça, era transportada mentalmente para a casa dos Patton, onde
assistia uma cena a qual ela nunca mais se esqueceria.
Artur estava sentado em seu quarto numa cadeira onde
lia um livro que há muito ele queria ler, mas não tinha tempo, O ultimo adeus
de Sherlock Holmes, publicado em 1917, seu pai tinha trazido para ele assim que
voltou para casa depois da guerra, era fã do detetive e levou ao filho o mesmo
gosto pelo escritor Arthur Conan Doyle, que também nomeava o seu garoto.
O jovem concentrado na leitura teve sua atenção
tomada repentinamente por uma voz extremamente familiar para ele, Flora estava
ali na sua frente e o chamou pelo nome:
—Artur meu amor você parece tão cansado!
Ele se assustou terrivelmente quase caindo de sua
cadeira, sua esposa estava a sua frente, ele não entendia como aquilo seria
possível, ela estava exatamente como do dia em que eles se casaram radiante,
linda com um vestido amarelo e seus cabelos soltos jogados ao ombro, logo o
susto e o medo inicial foram embora, ela acenava para ele o chamando para ir a
sua direção, ela tinha em seus braços um bebê, e ela queria mostrar ao marido.
Artur então caminhou com passos receosos até junto a
sua espoas que destapou o rosto do bebê que ela segurava, a imagem o deixou
chocado. Um bebê morto putrefato em decomposição, vestia roupas novas, roupas
as quais ele reconhecia, eram suas de quando era recém nascido, sua mãe as
tinha guardado, Flora o amamentava com o seio que ele tinha perfurado com a
tesoura na noite em ele por acidente a matou.
—Veja nosso bebê Artur! – dizia Flora sorrindo – Ele
não é lindo? Se parece com você quando pequeno! Sua mãe me disse isso.
Com um grito de pavor Artur se afastou dos dois,
correu e pegou sua arma que guardava no criado ao lado de sua cama, ele apontou
para Flora que apenas o olhava e sorria, continuando o ritual macabro de
amamentar o feto com o sangue que corria de seu peito esfaqueado, o sorriso
dela era tão lindo e resplandecente que ele não conseguiu apertar o gatilho,
sua mão estremeceu ele respirou fundo colocou a arma em sua boca e puxou o
gatilho explodindo a parte posterior de seu crânio.
—NAAAAAAAOOOOOOOO!!!!!!! – Gritou Meredith incapaz
de poder fazer nada, vendo Artur acabar com a própria vida.
De repente ela estava liberta daquele limbo em que o
demônio a colocou, ela correu mais que depressa para a casa onde viu tudo acontecer
em sua mente, e chegando lá alguns minutos depois ela pode constatar que nada
que vira era mentira.
Artur deitado ao lado da cama, na parede atrás dele
pedaços de seu cérebro ainda grudados e os demais empregados atônitos com a
cena, a policia tinha acabado de chegar para apurar o que tinha acontecido no
local.
Meredith imediatamente foi para seu quarto aos
prantos e chegando lá se deparou novamente com Flora sorridente sentada sobre
sua cama, e pela primeira vez ela se dirigiu a ela com palavras.
—Ele conseguiu a alma pura que queria Meredith! –
disse Flora – Artur era um homem bom, agora ele o levou para o inferno! Eu estou
presa a você pelo resto da eternidade!
A garota enlouquecida de ódio começou a quebrar toda
mobília do seu quarto aos berros, gritava desesperada e rogava as mais pesadas
pragas sobre Flora e o demônio com quem ela fizera o acordo, correndo em
direção à cozinha, buscando uma caixa de fósforos, logo em seguida voltou ao
quarto e pegou o livro de Asmodeus ela o embebedou em álcool e ateou fogo, mas
em vão o livro não queimava o fogo nem sequer o aquecia, mas ao invés disso se
alastrava pelo ambiente, pelas cortinas e colchão, em segundos o quarto estava
em chamas, e nelas ela podia ver Asmodeus que tinha Flora ao seu lado como um
brinquedo de marionete, Artur era projetado em sofrimento no inferno sendo
torturado por criaturas malignas que o estripavam aos berros.
Rapidamente o fogo se alastrou por outros ambientes
da casa, enquanto os policiais que ainda ali estavam tentavam salvar as pessoas,
uma delas viu o momento que Meredith carregava o combustível e os fósforos para
seu quarto e entregou a garota para as autoridades que a prenderam em flagrante
pelo incêndio criminoso.
No quarto 27 da ala de segurança máxima do hospital psiquiátrico
Royal Bethlem situado em Londres, por um visor na porta o enfermeiro chama a
paciente que ali reside há mais de vinte anos.
—Sente-se na cama para que eu possa vê-la Meredith! –
disse o enfermeiro – Vamos eu não tenho tempo para suas brincadeiras.
—Esse cara não tem o mínimo senso de humor não é
mesmo Flora! – dizia Meredith virada para a parede olhando para o escuro, andou
com passos arrastados e sentou se a cama.
—Muito bem Meredith – respondeu o enfermeiro –
Aproveite seu almoço!
—Veja Flora, ele trouxe os bolinhos que nós gostamos
tanto! Venha vamos almoçar, eu sei que você detesta comida fria....
FIM..............................................
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