MEREDITH, BELEZA, INVEJA E MALDADE.........FINAL


Com toda a cerimonia do velório finalizada Meredith agora se voltou para seu plano, executar o ritual para concluir seu desejo de tomar Artur de Flora, mais uma vez ela esperou que todos fossem dormir, dias antes ela tinha investigado com o pai e com o vaqueiro da casa se havia alguma vaca ou ovelha próxima de dar a luz e por sorte naquele mesmo dia a tarde uma ovelha tinha tido um cordeirinho que faria parte de seu ritual.
A beira do rio ao norte da propriedade ela preparava todo ritual conforme o livro aberto ao seu lado pedia o sacrifício do cordeiro já tinha sido feito, o sangue pintando o símbolo de Asmodeus, as velas sobre as letras ao entorno, ela já estava ao centro da figura ao chão com um pequeno balde cheio do restante do sangue do animal sacrificado, suas pernas tremeram e seu coração acelerou, por segundos ela pensou em desistir, mas já era tarde.
—Asmodeus, asmodeus, asmodeus, venha me encontrar, estou a sua espera! – disse Meredith com força e personalidade entendendo que agora não teria mais volta.
Por alguns segundos nada aconteceu, ela pensou até que tinha feito algo errado, ela saiu do circulo e apanhou o livro para conferir se tinha mais alguma tarefa a ser feita:
—O que eu fiz de errado? Está tudo certo! Não esqueci nada! – dizia ela concentrada nas páginas do antigo grimório, sua frustração era visível, logo pensou que Elvira tinha pregado uma peça nela.
—Aquela charlatã maldita me enganou! – disse a garota com ódio – Vou fazê-la engolir esse maldito livro!
—Acalme-se minha criança! Eu estou ao seu lado desde que você saiu da casa de Elvira!
No centro do símbolo, de pé vestido com um terno preto muito bem cortado e gravata vermelha cor de sangue, usava uma barba curta bem cortada e cabelos ligeiramente grisalhos, estes escondidos parcialmente pelo chapéu bowler em sua cabeça, a elegância do homem ali presente deixou Meredith extremamente impressionada, o tom de sua voz era macio e hipnotizante, conversou com ela com um sorriso desconcertante no olhar.
—Porque você não me disse que estava ao meu lado? - perguntou Meredith encabulada – Teria facilitado muito!
—Eu não me revelo para ninguém sem ser chamo criança! - respondeu o homem – Mas você experimentou de minha influência e de meus dons, principalmente durante o enterro.
—Então aquela sensação que eu sentia era influência sua? Quase perdi a cabeça ali!
—Eu quis apenas aflorar seus instintos, tudo que sentiu está dentro de você, eu só os mostrei!
—Entendi! Mas então o diabo se apresenta nessa forma? – disse Meredith sorrindo, seduzida pela imagem a sua frente – Eu esperava alguém bem diferente!
—Você não esperava que eu viesse aqui com três cabeças como essas figuras maldosas do livro?! – disse Asmodeus sarcasticamente – A imaginação dos seres humanos é muito interessante, nos pintam para assustar criancinhas, ou mocinhas indefesas como você! - completou ele com uma gargalhada – Mas vamos direto ao ponto Meredith! Diga-me exatamente o quer de mim? Riqueza? Amor? Fama? Ou quer ser uma de minhas sementes pelo mundo?
—Quero o que é meu! Quero meu Artur! Quero aquela mulher longe dele, ele deve ser meu!
—O quão longe dele você a quer? – perguntou Asmodeus acariciando sua barba pensativo – Suas palavras podem ter varias formas de se interpretar.
—Que diferença isso faz? – disse ela com impaciência – Eu quero que Artur me ame e pronto! Custe o que custar, quero que ela morra! Não aguento mais vê-los irradiando felicidade pela casa.
—Muito bem! Então vamos aos meus termos cara Meredith: Eu não dou nada a ninguém, eu faço um contrato! E nesse contrato uma clausula em questão tem destaque: O contrato deve ser executado rigorosamente conforme o combinado! Portanto se tentar me enganar, ou dar uma de espertinha eu te levo e te sirvo para meus demônios! – nesse momento os olhos de Asmodeus ficaram incrivelmente vermelhos como rubis cintilantes e parte de sua face demoníaca pode ser vista por Meredith que se afastou com medo.
—E o que mais tem nesse contrato que eu preciso saber? Eu terei que fazer algo em troca?
—Garota esperta! – falou Asmodeus sorrindo – O que está me pedindo não é uma tarefa fácil. Eu não crio amor no coração dos homens, minha especialidade é outra, luxuria, traição, divórcio, eu corrompo os corações dos homens.
—Está dizendo que não pode me ajudar? Elvira me prometeu que somente você tinha poderes para isso!
—Bom eu posso fazer melhor que isso minha querida! Eu posso criar a situação perfeita para que você fisgue seu amado Artur, sem que ele nunca mais deixe de te amar! Mas isso terá um preço!
—Minha alma? – perguntou Meredith apreensiva – Já esperava que me pedisse isso! Estou disposta a fazer qualquer sacrifício por Artur!
—Ahhh o amor é tão empolgante! Cego, e ávido para ser retribuído! – respondeu Asmodeus com voz doce e arrastada – Não assim seria muito fácil QUERO A ALMA DE FLORA! – o demônio nessa hora rangia os dentes e lambia os lábios como se degustasse algo delicioso – Uma alma pura, vinda para o inferno é um prazer inigualável para mim! Eu te darei Artur, mas Flora é minha! Sem negociação! Você deve fazer com que ela seja minha.
—O que eu devo fazer? Como faço aquela beata esquecer-se de deus e seguir seus caminhos?
—Use sua imaginação criança! – respondeu o demônio – Esse é um teste para você, não disse que seria fácil, mas se conseguir terá tudo que sempre sonhou!
—Combinado! Eu cumprirei o que for preciso, vou pensar em algo! O que faço agora para selar o pacto?
—Apenas diga Siiiimmmmm! – respondeu o demônio
—Simmm eu aceito – disse Meredith que sentiu uma enorme dor como se fosse uma queimadura em seu seio esquerdo, sentiu como se fosse marcada a ferro quente, ajoelhou-se no chão pela dor e gritou como se estivesse em trabalho de parto.
—O que você fez comigo? – perguntou ela aos prantos – Não estou suportando essa dor! Pare por favor! Te imploro!
—Acalme Meredith essa é a minha marca! A marca que lhe lembrará do nosso acordo, toda vez que senti-la queimar levemente eu estarei por perto, venha até mim nesse momento, aqui, onde nos encontramos, no momento em que cumprir nosso contrato por completo, ela desaparecerá!
Após terminar essa fala, Asmodeus desapareceu e levou consigo todas as marcas de sua presença, o sinal feito com o sangue do cordeiro todas as velas e o aparato montado por Meredith sumiram junto do demônio, ela assustada com aquela experiência sobrenatural correu para casa o mais rápido que pode, ao tentar subir em seu cavalo foi derrubada brutalmente pelo animal, ele de alguma forma a rejeitava, estava assustado, com medo, fugiu e a deixou para trás, ela pensou que poderia ter algum lobo, ou animal a espreita, mas não, era sua marca, todos os animais estavam com medo dela, arredios podiam sentir a presença maligna que ela carregava junto de si e todo seu proposito.
Após mais de uma hora de caminhada Meredith chegou a casa, com bolhas nos pés, suja e cansada, precisava de um banho e de um bom descanso para recuperar as energias, sua cabeça estava a mil, pensava em varias hipóteses fazer com que Flora seguisse o caminho do mal, mas era uma tarefa complicada.
Meredith que já se sentia diferente há vários dias, depois de seu encontro com o ser das trevas alguns efeitos da exuberância do demônio da luxuria se transmutavam nela, por onde ela passava despertava nos homens uma estranha sensação, um instinto primitivo sexual que os deixavam confusos, e muitas vezes em problemas com as respectivas esposas.
Estranhamente com Artur tal fascínio não surtia efeito, ele continuava olhando para ela da mesma forma que via antes, seu amor e respeito por Flora rechaçava qualquer outra mulher que pudesse se aproximar dele.
A jovem lacaia de Asmodeus nesse momento pensava maneiras de desestabilizar o relacionamento dos dois, no entanto ela entendeu que somente se aproximando de Flora ela conseguiria encontrar alguma brecha no casamento deles e assim corromper por dentro a casa dos Patton.
Flora era uma garota meiga e inocente, ingênua que acreditava no bom coração de todos, ali na casa dos Patton ela se sentia sozinha, pois não tinha quase ninguém além dos criados para conversar, seus pais viviam em Liverpool ocupadíssimos com os afazeres da fabrica do pai, sua mãe sempre ajudou seu pai na empresa, fazendo ela figura importantíssima no funcionamento dos negócios.
Meredith que até um dia anterior ignorava Flora, fugindo da garota e nos poucos momentos que se encontravam pela casa ela sempre arrumava alguma desculpa, ou algum afazer para que ela pudesse rapidamente fugir de conversas as quais ela não suportava, o simples som da voz de sua rival amorosa a fazia criar uma ira incomensurável.
Diante do pacto que a garota tinha com Asmodeus ela era obrigada a fazer qualquer coisa, os assuntos de Flora eram completamente desinteressantes para ela, seria apenas um dos vários sacrifícios que ela faria em nome do amor que ela tinha ao jovem Artur, ela já sabia de antemão que exercitaria sua paciência ao máximo nessa tarefa.
A ingênua senhora Patton não estranhou a aproximação repentina de Meredith, e com ela toda falsidade que sua concorrente carregava, começaram a ter longas conversas durante as tardes do verão inglês, tomavam chá juntas e até trocavam confidencias umas com as outras, em um esforço para que Flora começasse a se abrir sobre o relacionamento dela com Artur.
Ela confidenciou a Meredith que Artur teria que fazer uma viagem longa, precisaria ir Londres para tratar de assuntos de seu pai e das propriedades da família, passaria dois meses fora no processo de inventario dos bens de Theodore, afinal de contas Artur não tinha pleno conhecimento de tudo que o pai possuía.
Com a ausência do agora chefe da família, o caminho de Meredith estaria livre a Flora, Artur repassava algumas tarefas para sua esposa que tomava certo tempo dela, com sua viagem ela teria menos coisas a fazer a mando de seu marido.
Meredith tinha notado uma dose de fanatismo religioso em Flora, embora sua doçura e meiguice escondessem leves traços de excentricidade católica apostólica romana, essa seria uma chance para ela explorar e fazer Flora se desestabilizar aos poucos de acordo com seu bel prazer, fanáticos religiosos eram mal vistos naquela sociedade inglesa que se modernizava, uma sociedade que vivia o auge da revolução industrial, era berço das tendências tecnológicas e cientificas sua população principalmente a elite tentava modernizar seu pensamento deixando todo e qualquer extremismo religioso para trás.
Mas ela precisava de algo que ajudasse a acelerar o processo de pré-enlouquecimento de Flora, e ela sabia a quem recorrer para essa tarefa, ela tinha visto em sua visita a Elvira diversos potes com poções etiquetados, dentre todos aqueles recipientes que lotavam um armário completamente haveria alguma que a ajudaria nessa tarefa.
Um dia após a viagem de Artur ela retornou a casa da bruxa, mas dessa vez teve uma recepção um pouco menos assustadora, Elvira a recebeu como igual, com toda gentileza que uma irmã de seita poderia impor:
—Vejo que foi agraciada com a presença de meu senhor – disse Elvira com um aceno de cabeça – Seja bem vinda novamente a minha casa Meredith. Imagino que precise de algo? Estou certa?
—Asmodeus me deu uma tarefa, e eu tenho um plano para executá-la, mas eu preciso de algum facilitador, algo que faça a pessoa ter sua consciência e razão levemente alterada, para que eu possa conseguir influenciá-la de acordo com que eu queira!
—Entendi minha pequena! Então você quer fazer alguém se passar por louco? Desequilibrado!
—Exatamente Elvira! – respondeu Meredith com empolgação – Mas nada que seja muito forte, como eu te disse não quero que suspeitem que ela esteja sendo drogada!
A bruxa então caminhou até o armário das poções e apanhou um pequeno pote de cor avermelhada, com um liquido viscoso e espumante dentro dele, com um ingrediente muito assustador dento dele, uma pequenina mão deformada, que Meredith logo imaginou que fosse de um dos fetos que Elvira retirava de mulheres que a procuravam para abortar seus filhos bastardos.
—Essa poção se chama “potio ex insânia”, ela se encaixará perfeitamente em seus planos, uma pequena gota por dia será suficiente para criar alucinações e fazer com que os julgamentos de quem usa se tornem dúbios, ela acentua qualquer desvio de personalidade maléfica que seu usuário tiver. Mas não coloque mais que uma gota por dia, ou a pessoa poderá perder a consciência ficando incontrolável, já que quer sutileza, apenas uma gota lhe fará chegar aos resultados que espera.
—Mas eu não posso esperar a vida toda Elvira! Essa poção fará efeito em quanto tempo? Tenho outra preocupação, e quanto ao medico de família? Dr. Francis ele poderá diagnosticar que ela está sendo drogada?
—A pressa não lhe ajudará nessa empreitada minha menina, já que não quer deixar evidencias de sua ação, precisa deixar as coisas acontecerem naturalmente, mas já te tranquilizo que essa poção fará efeitos rapidamente, em uma semana você começará a ver os resultados. E quanto ao medico não se preocupe, a medicina nunca poderá explicar a magia e as forças naturais, ele é cego para isso!
Meredith acenou com a cabeça para Elvira pegando o pote com a poção das suas mãos, o colocou em sua bolsa se levantou e saiu sem se despedir, a garota ainda se acostumava com as bizarrices do mundo que acabava de se iniciar, muitas vezes ela ficava sem palavras, ela ainda se recuperava do encontro com Asmodeus, mesmo sendo uma figura bela e sedutora ele carregava a aura sombria e o peso dos reinos nefastos do inferno.
Durante o retorno a casa, Meredith retomou em sua mente o planejamento de seu plano, que iniciaria a partir da inserção das gotas da poção no chá de Flora, logo após isso ela precisaria fazer com que Artur começasse a reparar que sua esposa era perigosa para si mesma e para todos da casa, ela teria de criar uma história robusta suficiente para perturbar o amor que ele sentia pela esposa, mas para isso precisaria ver o quanto a poção desestabilizaria Flora.
Já chegava a hora do chá entre as duas e dessa vez Meredith foi à cozinha e disse à mãe que ela mesma prepararia, insistiu que assim fazendo ela criaria mais empatia entre as duas, sua mãe vendo aquele comportamento da filha ficou feliz, vendo que a garota começava a mudar o comportamento estranho dos últimos tempos.
Flora esperava ansiosa por todas as tardes para o chá com Meredith, era uma pessoa encantadora para ela, tinham praticamente a mesma idade e elas começavam a adquirir mais intimidade uma com a outra e ela já se sentia a vontade para conversar assuntos mais íntimos com a considerada amiga.
O chá dessa tarde para Meredith era especial, e a partir dele outros o sucederiam com toda pompa que merecia a ocasião, já que era nesse momento que ela tentaria infectar Flora tanto com a poção, quanto na segunda frente que seria plantar alguma semente de discórdia na cabeça desestabilizada de sua rival.
Flora não fazia a menor ideia dos planos malévolos que sua suposta amiga tinha contra ela, naquele dia em especial Meredith estava especialmente gentil, se gabou que ela tinha preparado pessoalmente o chá para as duas, as moças ficaram por mais de duas horas conversando e Meredith começou a se mostrar preocupada com a longa ausência de Artur, dizendo ela:
—Homens quando ficam muito tempo longe das mulheres sempre aprontam algo, Londres é cheia de lugares onde eles podem achar diversão fácil, se é que me entende – completou ela com um olhar de desaprovação.
—Não me preocupo com isso Meredith, meu Artur é um homem integro, não procuraria um lugar desses a fim de satisfazer simples desejos carnais, estará lá em oração, quando não estiver resolvendo seus assuntos de trabalho.
Meredith apenas assentiu com a cabeça, e logo após essa conversa ela disse a Flora que precisava resolver alguns assuntos pessoais e que estaria ansiosa para o chá do dia seguinte. E assim nos dias que se sucederam elas continuaram a rotina de tomarem o chá batizado por ela juntas, e todos os dias ela tentava plantar na mente de Flora a ideia de que Artur não era o homem santo que sua esposa tanto imaginava, com frases como “não confie totalmente nos homens” e que “homens são todos iguais, só pensam com a cabeça debaixo”, ela tentava desestabilizar a mente da Sra. Patton.
Mas ao fim do quinto dia a promessa de Elvira começava a fazer efeito, Flora começava a agir estranho, relatou a Meredith que tinha sonhado que Artur a estava traindo com outra mulher, uma mulher da realeza Londrina e que ela tinha ficado muito triste ao descobrir, e que tinha voltado para a casa dos pais em Liverpool após a constatação da traição do marido.
Flora estava com o semblante diferente, mais cansado, pupilas sempre dilatadas e as poucas vezes que conseguia dormir começava a ter pesadelos, por mais e mais horas seguidas ela permanecia na capela da propriedade fazendo suas orações, começava a andar pela casa com um terço na mão rezando baixo, comia pouco e começava a emagrecer.
A antes educada e meiga garota, agora já fazendo quase um mês que tomava o chá de Meredith se tornara paranoica e reclusa, saía do quarto somente para dois compromissos, suas orações na capela e para o chá com a amiga, uma das únicas pessoas com quem ela mantinha diálogo constante, tratava mal os empregados da casa, os vigiando como se fossem ladrões da propriedade, por vezes gritou pela casa que os ladrões não entrariam pelos portões de São Pedro e que eles seriam os primeiros devorados por Satanás no reino do inferno.
Os empregados da casa se sentiam intimidados pelo comportamento de Flora, tinha mudado completamente as tratativas com eles, e ninguém conseguia explicar tal ação, somente Meredith recebia gentileza o restante era mal tratado.
Flora tinha sonhos perturbadores a noite inteira, começava a ter visões durante o dia de meretrizes em torno de Artur, via constantemente seu marido nos braços de varias mulheres e sempre acompanhado de um homem belo e misterioso, uma figura que ela nunca tinha visto, mas Meredith conhecia bem, Asmodeus até aquele momento estava contente com o plano de sua futura pupila e via que ela era uma mulher como ele imaginou, sortida que não tinha limites para conseguir o que queria durante a vida.
Dr. Francis o medico da família tinha sido chamado por Vitoria, mãe de Meredith para avaliar a condição de saúde de Flora, mas como previsto por Elvira ele apenas medicou a garota para uma anemia que ele havia diagnosticado, além de um medicamento para o sono para que ela pudesse dormir melhor e diminuir as profundas olheiras e o semblante casado de Flora, que já era latente em sua expressão.
O remédio do medico fez pouco efeito sobre Flora, suas olheiras diminuíram um pouco e seu estado de saúde teve uma levíssima melhora, mas a paranoia e as visões não diminuíram sua personalidade totalmente transformada pela poção de Elvira fizeram a garota se transformar na megera que todos temiam uma bruxa que levava a todos a histeria coletiva, sempre amedrontados com medo de qualquer ação da patroa.
Em um episodio fatídico na propriedade ela jogou em uma empregada um bule de café causando um grande hematoma na cabeça da pobre mulher que apenas tinha feito o café com pouco açúcar conforme o próprio pedido de Flora, porém ela ainda o achou doce e tomada pela fúria atirou todo bule contra a cozinheira, além do hematoma ainda lhe causando queimaduras pelo corpo, todos os funcionários da residência ficaram horrorizados com a atitude da patroa, muitos queriam deixar a casa e abandonar toda aquela atmosfera de perturbação que ela causava em todos ali, estavam exaustos de todos os abusos da Sra. Patton mesmo todos sendo fieis a Theodore e os mais jovens de trabalho ali tinham no mínimo quinze anos de trabalho na casa, mas viam toda essa dedicação sendo simplesmente ignorada pelos desmandos da garota.
Em meio a uma quase rebelião dos empregados da casa Artur retorna de sua viagem de negócios, quinze dias antes do previsto estava com saudades do lar, de seus amigos e de sua esposa, mas ao chegar em sua propriedade não acreditou no ambiente que ali se instaurava, um ambiente triste com sua esposa totalmente transformada, quando a viu mal acreditou que era ela mesma.
—Querida, está se sentindo bem? – perguntou Artur com nítido ar de preocupação – Parece muito cansada! Tem dormido bem?
—Estou um pouco cansada sim querido! Cuidar dessa propriedade desse tamanho sozinha me cansou muito! Mas agora que está aqui à carga será menor creio eu.
—Dr. Francis já veio aqui lhe ver? – perguntou Artur ainda preocupado – Vou pedir para ele vir aqui urgentemente!
—Ele já veio aqui Artur, me deu alguns remédios e disse para eu repousar, mas na ocasião não eu não poderia descansar plenamente, agora com sua chegada posso repousar com mais liberdade.
Artur aceitou aquela explicação de sua esposa, mas mesmo assim ainda estava preocupado com a condição de Flora, ele ficaria vigilante quanto a seu estado, ele esperava que com seu retorno tudo estivesse em ordem em sua casa, mas ouviu diversos relatos de seus funcionários das maldades feitas por sua esposa para como eles, Sr. Patton ficou horrorizado com o comportamento da esposa e prometeu a todos em uma reunião que ela não mais faria qualquer ação maléfica contra eles, ficando ele profundamente decepcionado, envergonhado e supresso com a atitude da esposa, que até então era uma pessoa meiga, gentil e carinhosa, ele nunca imaginaria que ela mudaria tanto assim em tão pouco tempo.
A primeira noite depois de muitos dias fora de casa de Artur foi um tanto quanto perturbadora, não quis procurar sua esposa naquela condição a qual ela transparecia a deixou descansar, mas o que presenciou durante a noite o deixou mais preocupado, Flora tinha muitos pesadelos e crises de choro durante o sono, momentos de sonambulismo também foram constantes no decorrer da madrugada, naquela hora ele temeu pela esposa, pensou que ela poderia estar com algum problema mental sério.
Os dias se passavam e mesmo com as visitas constantes de Dr. Francis a sua esposa não faziam efeito contra o envenenamento paulatino causado pelos únicos eventos que Artur considerava que faziam bem a Flora, os chás entre ela e Meredith, mal sabia ele que nesse momento sua esposa era colocada sob uma condição extremamente vulnerável diante de uma mente má e perversa que não mediria esforços para tomar o posto de Sra. Patton.
Em um dos chás entre as duas “amigas” Flora confidenciou a Meredith uma situação que deixou a sórdida amiga com uma ideia que faria ela tomar finalmente o lugar que para ela a pertencia por direito:
—Estou muito triste Meredith – disse Flora com olhar pesado – Artur já está em casa há vários dias, desde que chegou ele não me procurou! Estou começando a me preocupar com aquilo que você sempre tem me alertado. Acho que ele tem uma amante!
—Infelizmente Flora! Os homens são grandes egoístas, só pensam neles e querem se satisfazer a todo o momento, Artur é um nobre e faz com que varias mulheres o cortejem.
—O que posso fazer Meredith?! Como faço para que meu marido volte a ter interesse por mim, e deixe de pensar nessa meretriz que o impede de me procurar.
—Flora! Creio que Artur esteja enfeitiçado! É a única explicação para um homem apaixonado como ele é por você, não a procurar mais, ou ficar enchendo de desculpas que você está louca, isso pode ser um plano para lhe internar em algum hospital como louca, e assim anular seu casamento, trazendo a outra mulher para seu lugar.
Nesse momento Flora teve uma visão tórrida descrevendo justamente o que Meredith acabava de plantar em sua cabeça, a aterradora cena dela num manicômio presa a uma cama enquanto uma amante qualquer tomava sua casa e todas as suas posses, tudo que tinha conquistado principalmente o amor de seu marido, que para ela era o maior bem que ela tinha.
—Como eu faço para quebrar esse feitiço Meredith? Eu não conheço nada sobre esse assunto! Preciso livrar meu marido desse mal! Por favor, me ajude!
—Eu conheço alguém que pode lhe ajudar Flora! Ela já me ajudou quando eu era criança, me livrou de uma doença terrível, se chama Elvira e mora perto do rio Irwell, mas não quero que você a veja, ela te aterrorizaria ainda mais, deixe isso por minha conta, no entanto eu precisarei de uma mecha de cabelo de Artur, você precisa tirar dele enquanto ele estiver dormindo. Você consegue?
—Tenho medo dessas coisas Meredith, já ouvi falar dessa mulher! Ela é uma bruxa! Realmente não quero vê-la, mas se ela é a única chance que eu tenho para livrar meu Artur desse inferno que ele vive, eu aceito! Vou conseguir essa noite a mecha de cabelo dele e amanhã você cuida de libertar meu marido dessa mulher detestável.
Meredith apenas assentiu com a cabeça enquanto recolhia as xicaras de chá que as duas usaram durante o encontro, uma sensação de satisfação começara a perfazer o coração dela, sentia que conseguiria em breve seu objetivo.
Mas agora ela tinha a segunda etapa do seu plano, conversar com Artur sobre a condição de Flora, e ela precisaria fazer isso rápido para que ele ficasse alerta sobre as atitudes estranhas de sua esposa contra todos ali na casa, e por isso ela foi ao encontro dele, caminhou até o escritório que outrora pertencia lorde Theodore, e agora era ocupado pelo filho sob as mesmas responsabilidades.
A porta do escritório estava entre aberta e com um leve toque apenas para informar que ela estava presente, Meredith adentrou ao recinto pedindo licença e se sentando a cadeira à frente a mesa onde Artur estava analisando alguns documentos.
—Artur gostaria de conversar com você a respeito de um assunto delicado – disse Meredith com voz preocupada – Flora está muito doente, e você precisa fazer algo ela está ficando cada vez mais perigosa, temo por ela e por você!
Artur nesse momento já havia parado de analisar os documentos que tomavam sua atenção até o momento em que Meredith começou a falar de Flora, ele detinha a mesma preocupação e como a garota a sua frente era no momento a pessoa mais próxima de sua esposa ele se interessou imediatamente pelo que ela tinha a dizer.
—O que quer dizer com isso Meredith? Como assim ela está ficando cada vez mais perigosa? Seja mais clara!
—Flora está perdendo a consciência Artur, está ficando louca, a ouço diariamente dizer coisas sem sentido, mas vejo que sou a única com quem ela pode conversar com liberdade e creio que isso a faça bem, mas ela piorou muito com seu retorno, eu que pensei que contigo próximo ela estaria melhor, mas me enganei ela está paranoica e temo que a qualquer momento ela possa fazer alguma besteira.
—Eu estou muito preocupado com ela Meredith, estou pensando em trazer um medico de Londres para vê-la, Dr. Francis infelizmente não tem conseguido progresso e temo que a doença dela esteja fora do alcance dos conhecimentos do nosso medico.
—Artur, preste atenção no que eu vou lhe dizer, Flora está vendo coisas, tendo alucinações e conversando sozinha, hoje durante nosso chá ela estava mais estranha que o normal, parecia que conversava com alguém além de mim, dizia frequentemente para alguém que esta noite ela iria completar a tarefa que tinha pedido. Eu não sei o que ela quis dizer com isso, mas fiquei muito preocupada.
—Entendo sua preocupação Meredith – respondeu Artur extremamente impressionado com a fala da garota – Ficarei atento ao comportamento de Flora, agradeço a você por vir me alertar e te peço que deixe esse assunto entre nós, os empregados da casa já estão muito alvoroçados com o comportamento de minha esposa e qualquer historia nesse sentido somente faria mal a todos aqui, te peço apenas mais esse favor, sei que está ajudando muito minha esposa emprestando seus ouvidos diariamente, de qualquer forma obrigado mais uma vez.
            —Claro Artur! Só estou aqui te contando isso por consideração a tudo que sua família fez por mim e por meus pais, conte com minha colaboração no que precisar.
            Meredith saiu da sala após essa estranha conversa, deixando Artur perdido em seus pensamentos com as informações que ela acabara de jogar sobre ele, o jovem Sr. Patton que era obrigado a assumir grandes responsabilidades aos quais ele não se sentia preparado agora precisava se preocupar com a saúde mental de sua esposa e com toda repercussão que aquilo poderia causar sobre seus negócios e sua vida como um todo.
  Seria mais uma noite longa em que ele sofreria junto com sua esposa as consequências da doença que se abatia sobre ela, o sonambulismo e os pesadelos já estavam o deixando exausto, ele que para não causar nenhum alvoroço desnecessário se negava a seguir o conselho de Dr. Francis em dormir separado de Flora, pensava que se fizesse isso estaria abandonando sua esposa a própria sorte, preferia se penitenciar e cuidar de sua amada mesmo que lhe custasse todas as noites de sono durante sua vida.
Aquela noite em especial ele redobraria a vigília sobre sua esposa, o aviso de Meredith o tinha alertado para algo que ele se quer teria veiculado, a chance de Flora se tornar violenta contra ele em um de seus ataques de sonambulismo, atentando contra ele de alguma maneira, sua atenção dali em diante seria muito mais aguçada.
Ao notar que a Sra. Patton já tinha se recolhido aos seus aposentos Artur fez uma vistoria pelo local a fim de procurar por algo estranho ou que pudesse corroborar com a historia que Meredith havia contado a ele mais cedo, felizmente naquele momento ele não encontrou nada que o alarmasse, então ele se deitou ao lado de Flora, que dormia tranquilamente feito um anjo, sono esse que desde que retornara de viagem não via sua esposa desfrutar.
Flora no entanto não estava dormindo, fingia para deixar o marido mais tranquilo e de guarda baixa, ela sabia que ele a vigiava a noite, devido aos pesadelos para que pudesse ter mais provas de que ela estaria louca. Ela sabia que se ele a visse dormir tranquilamente ele também o faria, deixando o caminho livre para ela conseguir a mecha de cabelo para quebrar o feitiço em que ele estaria preso.
Já haviam se passado cerca de duas horas desde que Artur tinha deitado ao lado de Flora, e a garota nesse momento tinha certeza que seu marido estava dormindo profundamente, era o momento dela conseguir o que tanto precisava e queria, se moveu lentamente para não despertar seu marido e apanhou debaixo do colchão uma tesoura prateada, brilhante e extremamente afiada, Artur estava deitado de barriga para cima, e ela então se sentou ao lado dele e vagarosamente levou a tesoura em direção a cabeça do marido.
Artur também fingia estar dormindo e notou toda movimentação de Flora, olhando com os olhos entreabertos não notados por ela devido a luz baixa no quarto, ele pode ver ela sentar-se ao lado dele na cama e com um olhar perturbado ela tirou uma lamina brilhante e a levou em direção ao seu pescoço, ele temeu pela sua vida imediatamente e se assustou com o gesto de sua amada, despertou enquanto ela levava a tesoura em direção ao seu rosto e segurou a mão de Flora, tentando a impedir de mata-lo, os dois assustados cada um com uma cena perversa na cabeça montada por Meredith lutavam para ter o controle da lamina até que a força de Artur prevaleceu sobre Flora, eles caíram da cama e ele mais pesado ficando por cima da esposa que com um grito aterrorizado de dor, sentiu a tesoura entrar em seu peito até o cabo, a menina agora com semblante mórbido deu seu ultimo suspiro olhando para o marido uma ultima vez.
Artur desesperado com o que tinha acabado de acontecer estava perdido sem ação sentou pegou a esposa no colo e a colocou de volta em sua cama, tentando reanima-la a em vão, ela já não tinha mais vida e ele acabara de perder o amor de sua vida, assassinada pelas suas próprias mãos.
Meredith que estava a espreita foi a primeira a chegar no quarto dos dois, bateu a porta e ele abriu a porta aos prantos para ela, que rapidamente pode notar que seu plano havia dado certo, Flora estava deitada sobre a cama imóvel com os olhos abertos ao lado sobre o carpete do quarto uma poça de sangue, tudo estava perfeito para ela, era sua chance de finalmente conquistar o homem que amava, tinha cumprido sua parte do acordo, sua rival estava morta e Asmodeus a levaria para o inferno.
No quarto junto a Artur ela o abraçou tentando conforta-lo, dizendo que nada do que havia acontecido ali seria culpa dele, que tinha sido provocado pela loucura de Flora e que tinha apenas se defendido de um ataque de loucura de sua esposa, que agora ele precisaria chamar os policiais da cidade para validar a historia conforme havia acontecido, sem que Artur tivesse culpa do acidente ocorrido.
Os policiais levaram cerca de duas horas para chegarem a casa dos Patton e lá puderam constatar o obvio, Flora estava morta e o cenário era de um possível assassinato, no entanto os policiais começaram a ouvir os empregados como testemunhas do que aconteceu e todos falaram a mesma versão, de que sua patroa sofria de problemas mentais, que chegava a ser violenta com eles e que Artur buscava uma forma de ajudar a esposa, que ele nunca a mataria a sangue frio.
Artur estava desolado com Meredith ao seu lado, ele contou aos policiais tudo que havia acontecido durante a noite e durante as noites anteriores também, relatou os pesadelos da esposa e as crises de sonambulismo que o deixaram extremamente vigilante, era nítido para todos que não se tratava de um crime de ódio, ou qualquer coisa do tipo, ele realmente estava com o coração partido pela morte da esposa.
Eles também entrevistaram Dr. Francis que chegou pouco antes deles no local, o próprio medico reforçou a ideia que ela tinha problemas psiquiátricos, que ele tinha dado conselhos a Artur para que ele internasse Flora em vão. Com todo esse cenário a favor do jovem Patton o investigador encarregado da cena do crime não levou sequer ele preso, apenas pediu que ele não saísse da cidade sem avisar a justiça e que ele poderia ser chamado para depor novamente.
Os policiais levaram o corpo da Sra. Patton para que o legista pudesse constatar a historia de Artur, o próprio pediu que fosse feito um exame no cérebro da esposa a fim de encontrar algum sintoma da loucura de Flora, a imagem do corpo da esposa saindo pelo amplo salão da residência em meio a todos os empregados observando aquela bizarra cena, de onde Meredith do alto das escadas admirava o desfecho de seu ato sombrio com um sorriso escondido pela ocasião que não a permitia expressar toda felicidade que ela sentia.
Ao lado de Artur ela se dispôs a ajuda-lo em tudo que ele precisasse, a garota sabia que aquele momento de fragilidade dele seria o mais propenso ao ataque que ela tanto planejou durante o tempo em que ele esteve fora, e ela não perderia tempo.
Ela ficou ao lado de seu amado por todos os momentos a partir dali, ajudou na organização do velório de Flora, preparou uma pomposa cerimonia para “homenagear” a partida de sua rival, aos que soubessem de suas reais intenções diriam que ela estava organizando uma mórbida festa de casamento com uma convidada dentro do caixão. Artur se limitava a receber os amigos e parentes de Flora que lá estavam para dar o ultimo adeus à moça.
Durante toda cerimonia Meredith distribuía simpatia para todos os convidados, se vestiu discretamente dessa vez, e recebeu a todos os como se fosse à dona da casa, foi à anfitriã perfeita, mesmo que informalmente ela já se sentia senhora da casa, e todos que ali estavam começavam a vê-la com destaque diferente naquela ocasião.
Com um discurso emocionado e triste Artur se despediu da esposa levando a todos a comoção geral, Flora foi levada ao mausoléu da família e enterrada ao lado de Lorde Theodore, que em vida nunca esperaria uma companhia de eternidade tão cedo assim, ela triste ver uma pessoa tão jovial, meiga e simpática ter sua vida ceifada de maneira tão estranha e cruel, os planos de Meredith eram perversos.
A situação de Artur era triste, deprimido, catatônico e desleixado, com a barba grande e descuidada, roupas mal passadas e cabelos emaranhados, o antes alvo e bem cuidado filho de um nobre general inglês agora se parecia mais com um bêbado largado pelas ruas de Manchester, estava no fundo do poço e sem aspersões e motivação para lidar com os problemas que tinha, em menos de três meses ele tinha perdido as duas pessoas mais importantes que tinha.
Meredith via aquela situação e com a paciência que ela aprendeu nos últimos tempos esperou o momento certo para atacar, “preciso esperar até ele chegar ao fundo do poço”, assim ela pensava e fez, em uma noite em que ele cambaleava pela casa ela o abordou:
—Artur é muito triste vê-lo assim! Você precisa se erguer! O que seu pai diria se o visse assim nessa situação?!
—Meu pai se foi Meredith! Não preciso me preocupar com o que ele pensaria de mim!
—Você é filho do grande Theodore Patton, um herói nacional, deve agir como tal, dessa forma você irá destruir tudo que ele construiu! É isso que quer?
Artur caiu em prantos pelas palavras de Meredith, se lembrando das palavras do pai, “seja forte Artur, você vive e morre, mas seu legado será para sempre”, quem ali estava na verdade não era o novo lorde Patton, mas sim um garoto que mal se formou na faculdade que sempre foi blindado pela imagem forte do pai, agora ele precisaria tirar energia de seu amago para vencer todas aquelas atribulações.
—Eu não consigo Meredith! Sou fraco! Não posso levar todas essas responsabilidades sozinho! – disse Artur sentado ao chão cabisbaixo – Não sei o que farei para continuar!
—Deixe me ajuda-lo meu amor! – Meredith se abaixou a frente de Artur e levantou seu rosto com sua mão acariciando seu queixo enquanto ela o beijava – Eu sempre vou estar ao seu lado! Juntos poderemos vencer qualquer coisa!
Artur que não tinha forças mentais para rechaçar a investida de Meredith sentiu toda volúpia da moça sobre si, uma mulher exuberante e linda, que ele não foi capaz de resistir, ele se levantou e a pegou pelo colo jogando-a sobre a cama, as roupas dos dois saiam do corpo com a velocidade do desejo que os consumiam, enquanto eles se entregavam ao mais animalesco dos instintos humanos.
Meredith sentia o corpo de seu amado sobre si e todo o prazer que ela sempre quis com aquilo lhe foi dado, estava com ela com tudo que mais sonhava agora em suas mãos, ou entre suas pernas, mesmo com todo aquele prazer ela sentia uma presença sombria dentro do quarto, e não estava errada quanto a isso, pelas sombras seu mestre Asmodeus a espreitava.
O demônio deixou que ela se esbaldasse com todo prazer que ela sempre sonhou, com o amor que ela queria sentir pelas mãos de Artur, mas ele estava furioso, e fez com que sua semente brotasse em chamas no peito de Meredith.
Artur se levantou da cama ao lado de Meredith para ir ao banheiro do quarto, enquanto ela deitada comtemplava a visão do amado, imediatamente com sua saída o sinal de Asmodeus no peito dela começou a queimar feito brasa viva, ela sentia uma dor extenuante que quase não conseguia falar, o fogo ardia pelo seu seio e cobria seu corpo quase por inteiro, e em sua mente ela ouvia a voz de seu mestre dizendo: “Você me enganou, aonde está ela?”, a moça não conseguia entender o porque de toda aquela fúria de Asmodeus, afinal de contas ela tinha feito tudo conforme o combinado.
Ela entendia que aquele sinal dado por ele era terrível e que ela precisava vê-lo para tentar acalma-lo, ele só poderia conversar com sua pupila no local onde ele foi invocado, ou por sonhos e visões, no entanto ela sabia que dado às circunstancias o melhor a fazer era enfrentar o demônio cara a cara.
Antes que seu amado voltasse do banho ela se levantou e foi em direção ao seu quarto, chegando a seu aposento ela buscou o livro de Asmodeus alguma forma de acalma-lo, e tão logo encontrasse ela partiria para encontra-lo e saber exatamente o motivo que o deixara tão furioso.
A jovem Meredith com medo em seu coração não sabendo do que Asmodeus seria capaz de fazer com ela, partiu em direção ao lago onde ela tinha o encontrado pela primeira vez, mas desta vez o demônio já a aguardava sentado sobre uma pedra, fumando um charuto com os olhos vermelhos em brasa.
—Então vejo que conseguiu seus objetivos Meredith? - perguntou Asmodeus ironicamente – Mas pelo que vi somente você conseguiu o que queria!
—Eu fiz tudo que você pediu Asmodeus! – respondeu Meredith com medo – Eu deixei Flora louca, ela ficou má, tentou matar Artur!
—Então você acha que a maldade que supostamente Flora adquiriu era suficiente para leva-la para o inferno? – respondeu Asmodeus com a face transformada sua figura original – Ela foi envenenada! Sua idiota você a induziu maldade, ela não fez por conta própria, eu pensei que você seria mais inteligente Meredith! Diga-me sua imbecil qual a única maneira de um ser puro como ela ir para o inferno?
—Eu não sei! Eu pensei que se ela tentasse contra a vida de qualquer pessoa ela automaticamente perderia sua pureza de alma! Perdoe-me? Deixe me consertar isso!
—Ela deveria se suicidar sua desgraçada! Somente ela se suicidando ela iria direto para o inferno! Sua tarefa era que ela ficasse louca até que cometesse suicídio, eu pedi a Elvira para que lhe desse a poção para fazer isso, você apenas deveria fazê-la ficar deprimida, mas preferiu o caminho mais rápido!
—O que posso fazer para corrigir isso Asmodeus?! Diga-me, por favor! Eu não quero perder Artur e tudo que você me prometeu!
—Seu contrato foi quebrado Meredith, e como eu te disse eu não faço acordos para serem quebrados, a partir de hoje você tem uma divida comigo e eu começarei a cobra-la AGORA!
Asmodeus caminhou em direção a Meredith com o corpo se transmutando para a figura demoníaca que figurava o livro em que ela o tinha invocado, de seus ombros brotavam duas cabeças, uma de touro e outra de carneiro, além das asas que nasciam de suas costas, a visão era aterradora e a garota somente teve uma ação.
Antes de sair de casa Meredith leu um capitulo especial do livro de Asmodeus, a parte que dizia como afasta-lo, por sorte ela ainda tinha guardado em uma bolsa o resto do sangue do cordeiro sacrificado no ritual de invocação, diante da ira do demônio somente a queima do sangue que o invocou poderia afasta-lo, tendo isso em mãos antes do pânico tomar conta de seu coração Meredith tirou a bolsa e ateou fogo, o demônio imediatamente foi consumido pelas chamas como se tivessem sido lançadas diretamente sobre ele.
O coração acelerado dela e o cheiro de enxofre deixado pela queima do sangue à fez vomitar vigorosamente, logo após os vômitos ela desmaiou ali na beira do lago, diante de tamanho horror presenciado pela presença terrível que ela invocou, ela não se viu com forças para se levantar temendo que pudesse morrer ali naquele momento.
Quando Meredith retomou sua consciência ela viu uma figura familiar a sua frente, o rosto de seu amado em seu quarto era a melhor visão que poderia ter após toda aquela tensão, ela a primeiro momento pensou que estivesse sonhando, mas ao ver seus pais ali ao lado ela notou logo que estava realmente acordada.
—Meredith, como você está? – perguntou Artur com preocupação – Te encontramos desacordada perto do lago! O que houve?
—Eu não me lembro querido! – respondeu ela abraçando seu amado – Só me lembro do momento que estávamos juntos, depois disso foi só escuridão!
Ao passar os olhos pelo quarto o pânico tomou conta de Meredith, os olhos estatelados e o suor frio, a garota começou a tremer com o que via, de pé logo atrás de seus pais ela enxergou o fantasma de Flora, pálido com um furo no peito de onde saía um liquido preto viscoso, Flora abriu a boca para falar e da sua boca era ouvido o choro de bebê. A barriga a mostra do fantasma deixava transparecer pequenas mãozinhas tentando rasgar a pele num parto forçado.
Um grito desesperado de Meredith fez todos se assustarem ela se desesperou com a visão, Flora sorria em dados momentos e o terror causado nela fez com que ela novamente desmaiasse de medo. Artur mais uma vez surpreso com o que acontecia em sua casa, todos ali estavam atormentados com os eventos dos últimos tempos, agora a loucura parecia começar a se abater sobre Meredith.
Novamente acordada e dessa vez com o velho medico da família ao seu lado, Meredith deu um suspiro aliviado por achar que teve apenas um pesadelo horrível, Dr. Francis fez a garota uma serie de perguntas para ela quanto a sua condição mental, perguntou sobre alucinações e diversas outras questões iguais as que ele perguntara para Flora.
A garota rechaçou as perguntas do médico tratando de deixa-lo com poucas dúvidas sobre sua condição mental, para ela a prioridade no momento era continuar sua aproximação junto a Artur, ela precisaria continuar com a artilharia pesada sobre o rapaz. Rapidamente ela se levantou e se arrumou, tomou um banho longo e se perfumou, vestiu um provocante vestido e partiu a busca de seu amado.
Meredith encontrou Artur no local onde sua presença era mais constante, o escritório de seu pai, agora seu, ainda mantinha todas as características deixadas por Theodore, ele não tinha feito alteração alguma na decoração, esta na verdade também intacta desde a morte da mãe do garoto, o velho general tinha pedido a esposa para dar um toque especial no escritório.
  —Artur você parece melhor! – perguntou Meredith colocando a mão sobre a mão dele.
—Eu estou bem Meredith. Minha preocupação atualmente é você? Você me deixou no meio da madrugada, saiu sem deixar rastro e logo após te encontramos na beira daquele lago! O que houve?
—Eu não me lembro Artur! – disse a garota com os olhos lacrimejados – Minha única lembrança foi agora a pouco com Dr. Francis me fazendo diversas perguntas! Juro-te, eu não me lembro de nada! – continuou ela adicionando o tom dramático a fala – A única lembrança que tenho foi da nossa noite de amor, eu sempre te amei, você nunca me notou, sempre me viu como irmã, mas finalmente você me viu como mulher.
—Você é uma mulher maravilhosa Meredith! Sempre vi isso! Mas não creio que esse seja o momento de nos envolvermos! - respondeu Artur em tom eloquente – Não estou em condições mentais e sociais de adotar um novo relacionamento, ainda guardo o luto por Flora, a morte de minha esposa foi em condição muito adversa e qualquer envolvimento meu com você levaria logo as pessoas a pensarem que eu possa ter tramado sua morte.
Meredith sentiu aquelas palavras como um soco no estômago, seu coração acelerou e ela se viu em uma situação a qual não estava preparada, mas ela ainda tentaria uma ultima medida desesperada. A bela e exuberante mulher se levantou soltando os cordões de seu vestido, deixando-a completamente nua a frente de Artur, que havia se voltado a analise de alguns documentos sobre a mesa, voltou os olhos para ela, paralisado pela cena, enquanto Meredith caminhava em sua direção, ao chegar próximo tomou a mão do rapaz e colocou sobre seu seio.
Artur não conseguiu resistir a tamanha investida de Meredith, ele a tomou pela cintura e eles se entregaram ao sexo sobre a mesa de seu pai, tendo os gemidos da garota chamado a atenção de alguns empregados que passavam do lado de fora do escritório.
A moça que mais uma vez voltava a conseguir persuadir Artur atacando o ponto fraco de qualquer homem, estava sobre seu amado enquanto ele sentado na cadeira acariciava seus seios, com o prazer tomando conta de todo seu corpo ela que de olhos fechados aproveitava a sensação, levantou a cabeça e sentiu seu peito queimar imediatamente, Flora era expectadora da cena, deitada, porem sobre o teto, logo acima dos dois, seu ventre dessa vez sangrava e ao abrir a boca novamente o choro de bebê, mas estridente que fazia os ouvidos quase sangrarem, o rosto sem expressão da Sra Patton, agora se colocava em decomposição.
—Meu deus!!! – Meredith caiu de cima da mesa de onde estava com Artur – Fique longe de mim!!!
Seu seio queimava novamente, e em sua cabeça ela conseguia ouvir o choro de Flora, novamente ela vestiu suas roupas e saiu do lugar correndo, deixando Artur mais uma vez sem respostas.
Meredith estava muito assustada com a cena, pela segunda vez ela ao se aproximar de Artur, ela viu a imagem de Flora, ela estaria ficando louca? Ou seria obra de Asmodeus que furioso enviou o espirito da garota para atormenta-la, somente uma pessoa poderia dar a ela as repostas que precisava, ela precisava falar com Elvira.
Elvira estava em sua cabana trabalhando em de seus hobbies, a taxidermia, mas sua arte era um tanto peculiar, ela retratava os animais no momento de sua morte, para isso ela os infringia torturas horrendas para que eles mantivessem por muito tempo a expressão de extrema dor, e a partir daí ela os empalhava no seu ultimo momento de vida, sob agonia. Distraída com seus mórbidos afazeres ela não notou a chegada de Meredith que não bateu a porta, com um rompante de pressa, medo e desespero a garota invadiu a casa da bruxa deixando-a sem palavras com a surpresa.
—Elvira preciso de sua ajuda! – disse Meredith tentando recuperar o ar que precisava para concluir sua frase – Asmodeus está furioso comigo! Eu não sei o que fiz de errado! Flora agora está me atormentando, todas as vezes que me aproximo de Artur ela vem me assombrar!
—Você é muito ingênua Meredith! – disse a bruxa com desdém – Você acha que Asmodeus joga para perder? Você ofereceu a um demônio a coisa que ele mais procura uma alma pura, dar-lhe uma alma imaculada para que ele pudesse se alimentar dela! É uma oferta que ele jamais recusaria, e você falhou em leva-la a ele! Você ainda está em débito com Asmodeus!
—O que eu posso fazer para solucionar isso? Estou enlouquecendo com essa história! Só quero meu Artur!
—O demônio só quer o que você prometeu a ele Meredith! Enquanto ele não tiver a alma prometida ele não deixará de te atormentar. Eu não posso te ajudar minha pequena, o pacto selado foi entre vocês dois, eu lhe avisei!
Meredith não sabia ou não tinha noção do que fazer para acalentar o ódio de Asmodeus e ao mesmo tempo tirar o espirito de Flora de seu encalço, todo terror que as aparições que a alma de sua rival infringia a ela, afinal de contas Flora parecia estar atrelada a Artur de maneira que ela não a deixava se aproximar do tão sonhado amor pelo jovem Sr. Patton.
Saindo da casa de Elvira a jovem com os pensamentos deturpados tentava chegar a sua casa, sentia uma agonia em seu peito, uma sensação que algo acontecia, mas ela não tinha certeza do poderia ser, mas o caminho parecia extremamente longo, parecia que andava em círculos não conseguia terminar uma simples estrada, logo notava que estava no inicio do caminho novamente.
Estava em um circulo vicioso com agonia crescente, presenças disformes começavam a aparecer em seu caminho, ouvia sorrisos e gargalhadas vindo da bolha em que estava, era como se Asmodeus zombasse dela, aqueles espíritos que ficavam ao longo do caminho eram provas que ela estaria presa ao demônio para sempre, todas aquelas almas pareciam ser de pessoas que fizeram o mesmo acordo com o mal, ali naquele contexto parecia que o diabo dava a ela um claro recado.
De repente Meredith se viu paralisada com uma imagem em sua cabeça, era transportada mentalmente para a casa dos Patton, onde assistia uma cena a qual ela nunca mais se esqueceria.
Artur estava sentado em seu quarto numa cadeira onde lia um livro que há muito ele queria ler, mas não tinha tempo, O ultimo adeus de Sherlock Holmes, publicado em 1917, seu pai tinha trazido para ele assim que voltou para casa depois da guerra, era fã do detetive e levou ao filho o mesmo gosto pelo escritor Arthur Conan Doyle, que também nomeava o seu garoto.
O jovem concentrado na leitura teve sua atenção tomada repentinamente por uma voz extremamente familiar para ele, Flora estava ali na sua frente e o chamou pelo nome:
—Artur meu amor você parece tão cansado!
Ele se assustou terrivelmente quase caindo de sua cadeira, sua esposa estava a sua frente, ele não entendia como aquilo seria possível, ela estava exatamente como do dia em que eles se casaram radiante, linda com um vestido amarelo e seus cabelos soltos jogados ao ombro, logo o susto e o medo inicial foram embora, ela acenava para ele o chamando para ir a sua direção, ela tinha em seus braços um bebê, e ela queria mostrar ao marido.
Artur então caminhou com passos receosos até junto a sua espoas que destapou o rosto do bebê que ela segurava, a imagem o deixou chocado. Um bebê morto putrefato em decomposição, vestia roupas novas, roupas as quais ele reconhecia, eram suas de quando era recém nascido, sua mãe as tinha guardado, Flora o amamentava com o seio que ele tinha perfurado com a tesoura na noite em ele por acidente a matou.
—Veja nosso bebê Artur! – dizia Flora sorrindo – Ele não é lindo? Se parece com você quando pequeno! Sua mãe me disse isso.
Com um grito de pavor Artur se afastou dos dois, correu e pegou sua arma que guardava no criado ao lado de sua cama, ele apontou para Flora que apenas o olhava e sorria, continuando o ritual macabro de amamentar o feto com o sangue que corria de seu peito esfaqueado, o sorriso dela era tão lindo e resplandecente que ele não conseguiu apertar o gatilho, sua mão estremeceu ele respirou fundo colocou a arma em sua boca e puxou o gatilho explodindo a parte posterior de seu crânio.
—NAAAAAAAOOOOOOOO!!!!!!! – Gritou Meredith incapaz de poder fazer nada, vendo Artur acabar com a própria vida.
De repente ela estava liberta daquele limbo em que o demônio a colocou, ela correu mais que depressa para a casa onde viu tudo acontecer em sua mente, e chegando lá alguns minutos depois ela pode constatar que nada que vira era mentira.
Artur deitado ao lado da cama, na parede atrás dele pedaços de seu cérebro ainda grudados e os demais empregados atônitos com a cena, a policia tinha acabado de chegar para apurar o que tinha acontecido no local.
Meredith imediatamente foi para seu quarto aos prantos e chegando lá se deparou novamente com Flora sorridente sentada sobre sua cama, e pela primeira vez ela se dirigiu a ela com palavras.
—Ele conseguiu a alma pura que queria Meredith! – disse Flora – Artur era um homem bom, agora ele o levou para o inferno! Eu estou presa a você pelo resto da eternidade!
A garota enlouquecida de ódio começou a quebrar toda mobília do seu quarto aos berros, gritava desesperada e rogava as mais pesadas pragas sobre Flora e o demônio com quem ela fizera o acordo, correndo em direção à cozinha, buscando uma caixa de fósforos, logo em seguida voltou ao quarto e pegou o livro de Asmodeus ela o embebedou em álcool e ateou fogo, mas em vão o livro não queimava o fogo nem sequer o aquecia, mas ao invés disso se alastrava pelo ambiente, pelas cortinas e colchão, em segundos o quarto estava em chamas, e nelas ela podia ver Asmodeus que tinha Flora ao seu lado como um brinquedo de marionete, Artur era projetado em sofrimento no inferno sendo torturado por criaturas malignas que o estripavam aos berros.
Rapidamente o fogo se alastrou por outros ambientes da casa, enquanto os policiais que ainda ali estavam tentavam salvar as pessoas, uma delas viu o momento que Meredith carregava o combustível e os fósforos para seu quarto e entregou a garota para as autoridades que a prenderam em flagrante pelo incêndio criminoso.
No quarto 27 da ala de segurança máxima do hospital psiquiátrico Royal Bethlem situado em Londres, por um visor na porta o enfermeiro chama a paciente que ali reside há mais de vinte anos.
—Sente-se na cama para que eu possa vê-la Meredith! – disse o enfermeiro – Vamos eu não tenho tempo para suas brincadeiras.
—Esse cara não tem o mínimo senso de humor não é mesmo Flora! – dizia Meredith virada para a parede olhando para o escuro, andou com passos arrastados e sentou se a cama.
—Muito bem Meredith – respondeu o enfermeiro – Aproveite seu almoço!
—Veja Flora, ele trouxe os bolinhos que nós gostamos tanto! Venha vamos almoçar, eu sei que você detesta comida fria....

FIM..............................................


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